29.1.08

Um disco que se destaca sobre todos os outros e uma nota de rodapé

Constantly Changing
And when I see you constantly changing
Never the same as, never remaining
I cannot fix you in a position
Where I would lose you out of my vision
For you are movement
And that is nothing

Nota de rodapé:
Leitores bonitos: tudo a ver o The Darjeeling Limited. É o melhor Anderson que vi e isto não é dizer pouco, tendo em conta o que está para trás e o facto do Royal Tenenbaums ser um dos meus filmes preferidos de todos os filmes do mundo - só não vi o Bottle Rocket, o primeiro dele, por isso sobre esse não me pronuncio. Era giro ver e eu gostava, mas nunca encontrei num clube de vídeo nem na casa de ninguém para pedir emprestado. Eu se percebesse alguma coisa de cinema escrevia um texto sobre o Darjeeling (desatava a falar em planos, fotografia, cortes de película como quem faz um sumo cheio de fruta sem se preocupar em saber o que está a deitar lá dentro), mas não percebo, vão ver vocês e depois digam qualquer coisa.

28.1.08

Porque...

Aos Sonics já tinha decidido ir há mais tempo. E o Neil Young esgotou.

27.1.08

Decisões rápidas

Vou ver os Twilight Sad.

I <3 LDN

Não gosto de não ter ideias novas. Fico mais ansiosa quando estou assim, sem ideias, sem um plano, sem algo para concretizar, do que quando tenho projectos a mais para as vinte e quatro horas de cada um dos sete dias da semana.

Vou a Londres, de 21 a 28 de Março. Já está tudo marcado e vai mesmo acontecer, o que é bom. É bom também não haver mais nada que justifique a minha ida a Londres se não a vontade de conhecer a cidade. (E agora também já posso voltar a dizer que quero fazer lá parte da especialidade sem que pensem "oh meu Deus, lá está ela a ser obsessiva de novo".) Inventei um slogan para a viagem, já agora: "L.O.J.J.A <3 LDN" (são as nossas iniciais e compõem a palavra loja).

Como era de esperar, e depois de algum tempo surpreendida a achar que não, há montes de concertos na semana que lá estou. Neil Young, The Sonics, Kristin Hersh, The Twilight Sad, e estou só a mencionar aqueles que gostava de ver. Vou ter de escolher dois, no máximo dois - ainda não sei quais.

Há montes de coisas para ver e fazer em Londres mas, quando penso nisso, aquilo que mais me apetece é "fundir". Fundir-me com os londrinos, como consegui em Barcelona. Acho que não quero ir ao Madame Tussaud's, as figuras de cera assustam-me um bocado. Quero ver as outras coisas todas, Big Ben, St. Paul's Cathedral, render da Guarda e Palácio de Buckingham, London Bridge (is falling down, falling down), Tower Bridge e o Tamisa, Picadilly Circus, Trafalgar Square. Gostava de ir ao Tate Modern. Passear, passear, passear e, ao final da tarde, beber umas pints no pub da esquina. Perfeito.

Adoro viajar.

20.1.08

A doença do beijo

Será a hipérbole uma doença contagiosa, como a mononucleose?

Ainda bem que falamos em Hot Chip

Já ouvi o novo álbum e é tão bom que viciou. Até fui buscar o The Warning para ver se eles já eram assim tão fixes na altura.

A boa notícia é que sim, já eram. Vão-se tornar das minhas bandas favoritas de sempre, estou mesmo a ver.

Ouvi na H&M, durante os saldos

Uma das coisas que faz com que a H&M seja uma das minhas lojas favoritas é a banda sonora da loja. Esta canção chamou-me a atenção, estava eu a ver roupa na secção de crianças (para os meus irmãos, embora o 14 me fique bem) depois de ouvir Spoon, que dá sempre que lá vou, é impressionante. Chama-se Tomoko e é da Hafdis Huld (há-de haver aqui algum ¨ que me esteja a falhar), que faz parte dos GusGus (banda islandesa de techno-pop - uma espécie de Hot Chip dos anos 90, em pior - de quem até já me tinha esquecido da existência.)

Aposto que esta Tomoko é daquelas gajas que nos irritam apesar de serem irrepreensivelmente adoráveis. So hard to hang out with that kind of girl.

Podem ouvir aqui.

She flies much faster
Shouts much louder
Looks much fresher
And eats much less than you

There's nothing you can do
It's just hard to hang out with Tomoko
Tomoko

She doesn't gossip
Her hair still shines
Still has hope
Is never broke
Like you

O Rato

Na astrologia chinesa, eu sou Rato. Se este ano se celebra o ano do Rato, devo esperar coisas boas, certo?

É bom que sim, é bom que sim.

Adenda, de um site qualquer:
É um ano próspero para o nativo do Rato. Poderá ser promovido ou atingir o auge da carreira. No campo da saúde não se terá que preocupar. Poderá esperar ganhos monetários e atingir vários objectivos.

Good for me.

19.1.08

A arte do sample V


A tribe called quest :: Can I kick it


Baby Huey :: Hard times

Baby Huey teve uma vida demasiado curta e, como não começou a cantar mal saíu da barriga da mãe, uma carreira ainda mais curta, com apenas um álbum para a posterioridade, de seu nome The Baby Huey Story: The Living Legend.
Senhor de grande porte, James Ramey decidiu ser conhecido pelo nome de um pato gordo de um desenho animado que fazia as delícias das crianças. A voz é como aqui se ouve, melosa, rouca, extremamente sensual e quente.
Algures na década de '60, e porque felizmente estas vozes raramente ficam pelo canto durante o banho, juntou-se a outros músicos e formaram o conjunto Baby Huey and the Babysitters, que, após muitas e muitas actuações ao vivo, chamou à atenção da Curtom Records.
Ora, reza a história que os Babysitters não encantaram o patrão da Curtom, Curtis Mayfield (estou a tentar não entrar em histeria, para isto não se tornar um post sobre o Curtis Mayfield), e que, por isso, o disco, produzido pelo GIGANTE CURTIS, só ficou com o nome dele, apesar da participação do resto da banda.
Em 1970, Baby Huey, na altura com 26 anos, teve um enfarte do miocárdio (por acaso, tema de estudo este fim de semana e de trabalho a apresentar na sexta-feira, que coincidência) ao qual não sobreviveu.

Resta-nos o disco, assumidamente influência no hip-hop, e que foi só editado postumamente. Como se espera, é protagonizado pela voz de Baby Huey, mas Curtis - mesmo não gostando dos Babysitters - não deixou as orquestrações para trás, tornando-as dignas de um disco seu (ahahah) e é um encadear de emoções de um espectro enorme desde o blues ao funk, passando pelas baladas soul como esta que se mostra aqui, com ritmo para qualquer dia da nossa vida (desde a pista de dança ao amor com o(a) namorado(a), desde arrumar à casa a ir fazer exercício ou um trabalho para a faculdade).



The Baby Huey Story: The Living Legend é também, claro, obrigatório.

17.1.08

A arte do sample IV

Na categoria de melhor guilty pleasure de 2007, fica esta canção:


Rihanna :: Don't stop the music


Só Deus sabe o quanto adoro mexer as ancas com isto. Isto é bom, as palmas, a letra flirty

Do you know what you started?
I just came here to party
And now we're rockin' on the dance floor
Looking naughty.


e o mamasémamasámamacosá, ou lá o que é que ela diz no final. E que ele também diz aqui:



Michael Jackson :: Wanna be starting something


Maravilha, ou quê?

[Post inspirado pela Isilda Sanches, no O2 Hi-Fi de hoje, da Oxigénio.]

15.1.08

(entre parêntesis)

Esta minha mania de escrever parágrafos inteiros dentro de parêntesis vai ter de acabar. Já me irrita.

A arte do sample III



M.I.A. :: Paper Planes




The Clash :: Straight to Hell


(Já toda a gente sabe desta, mas é uma das canções do ano e sampla de forma brilhante os Clash. Mais, a minha preferida do Kala talvez seja a Bamboo Banga, embora este seja daqueles discos de onde é impossível escolher uma sem estar a cometer uma injustiça do tamanho do mundo.)

Em assuntos relacionados, vejam, vejam o vídeo mais adorável de sempre. <3 (amor, meus espertinhos que pensaram nesse palavrão que rima com alho) para estes dois. É o Diplo e a própria, a cantar aquela que era a versão original da Paper Planes, que sampla outra coisa qualquer não me lembro o quê. Muito elucidativa, eu. Querem que vos fale de terapêutica com hidrocortisona no doente com choque séptico? Terei todo o gosto.



Eu sei que eles já acabaram, mas há ex-namorados que ficam para a vida - eu cá ando para prová-lo, e, se isto não é amor, não sei o que é o amor e provavelmente por isso raramente o encontro. Mas não. Algo me diz que isto é mesmo o amor. Coisa mais querida, meu Deus.

13.1.08

Janeiro também é mês de...


...Estreia de um filme novo do Mestre. *vénia*

(Depois de ver o trailer umas quinhentas mil vezes, o cenário é novamente Londres (and it's actually ok, Woody's sarcasm and ironic twist go well with a british accent), há problemas financeiros e um crime, uma mulher perigosamente estonteante, o dilema da moralidade versus imoralidade e a família - e deve-se fazer tudo pela família, não é? Como se vê ali em cima, entra o Ewan McGregor (ora bem, vai ser giro de ver, acho eu) e o meu ódio de estimação chamado Colin Farrell (mas porque é que os poucos realizadores cuja carreira vou acompanhando - olá Terrence Mallick! - o escolhem para filmes seus, bolas?). Prometo que vou estar lá sem implicar: é a prova de fogo, se não gostar dele dirigido pelo Woody Allen, é provável que não venha nunca a gostar.

A má notícia é que não há Hugh Jackman. Tive esperança que sim, que ele repetisse como repetiu a Scarlett. Que pena.)

Os discos que marcaram o transacto ano

Com a devida humildade - e ignorando a ordem, excepto ali nos primeiros seis:

20. The Stars of the Lid :: And Their Refinement of The Decline
19. No Age :: Weirdo Ripper
18. The Clientele :: God save the Clientele
17. Battles :: Mirrored
16. Norberto Lobo :: Mudar de Bina
15. Akron/ Family :: Love is Simple
13. Animal Collective :: Strawberry Jam
12. Beirut :: The Flying Club Cup
11. Electrelane:: No shouts, no calls
10. Jens Lekman :: Night fall over Kortedala
9. Matthew Dear :: Asa Breed
8. LCD Soundsystem :: Sound of Silver
7. Le Loup :: The Throne of the Third Heaven of the Nations' Millenium General Assembly
6. Deerhunter :: Cryptograms

5. Panda Bear :: Person Pitch

4. Von Südenfed :: Tromatic Reflexxions

3. Burial :: Untrue


2. M.I.A. :: Kala

1. The National :: Boxer


Epílogo:
Chega a esta altura e falta sempre ouvir imensa coisa, mas no que o ano passado era ansiedade, este ano é serenidade: tenho a certeza que, tirando uma ou outra falha mais ou menos grave a ser colmatada logo que possível, percorri os discos que mais me interessavam e aqueles que valeram mesmo segundo as críticas e mais não sei quem
De salientar: muitos discos da categoria electrónica-pista de dança-whatever (é uma área por que me interesso cada vez mais por trazer lufadas de ar fresco), disquitos indie aqui e acolá (ouvi muito indie rock ai-as-minhas-guitarras-e-as-minhas-all-star-e-os-teus-ganchinhos, fiz uma selecção e ficaram estes, mas também podia ali estar o álbum de estreia dos Voxtrot, dos The Good, The Bad and the Queen - aliás, porque é que não está ali este álbum que eu tanto adorei? - ou o álbum dos Modest Mouse ou do Andrew Bird), coisas que nunca pensei gostar e afinal adoro (No Age, Battles, Stars of the Lid, e ficou a faltar, nesta categoria, o álbum dos Shining "Grindstone").
Mais, deixa-me cá ver: ah, falta muito hip-hop aqui, mas este ano os álbuns do género soaram-me muito a pastilha elástica (mastiga e deita fora). Fartei-me rápido deles todos, tirando uma canção aqui e acolá, a que regressava com prazer. Mais, mais, mais: ai é verdade, coisas que já ouvi, gostei e não estão aqui! O primeiro dos Justice, o segundo de Go! Team (Lux, sexta, can't wait) e o ésimo álbum dos Wilco, do Bill Callahan, dos !!!, do Neil Young (que para já adoro). E chega de cromice.

É que este ano nem me ia meter nisto das listas - afinal, quem quer mesmo saber quais os vinte discos que na minha opinião foram os mais inovadores, mais ground-breaking/mais partiram pedra, mais únicos, mais irrepetíveis, melhores amigos para todas as ocasiões? Só o Nuno, que me pediu encarecidamente para tentar alinhar estes nomes (ele queria trinta, aqui ficam vinte). De resto, mais ninguém quer saber: fica aqui registado que é para daqui a dois meses eu rir-me.

8.1.08

Constatações finais

I didn't think about it too long now.
I'm not liable to figure you out.
I wanted to figure you out.


I learnt to read minds, but in the case of yours, I couldn't read in the dark.

Sabes que mais? Paciência. Azarito. Fica p'a próxima.


Grant Lee Buffalo :: Honey don't think

Uma pergunta a sério

Quando é que se pára de desejar "Feliz ano Novo" às pessoas? A partir do dia 15 de Janeiro? Em Fevereiro? Quando nos apetecer? Porque é que não posso desejar bom ano em Agosto?

Deverei perguntar "é do seu agrado eu agora desejar-lhe bom ano ou, pelo contrário, isso incomodaria-o de forma extremamente séria?"?

7.1.08

Dia 7 de Janeiro de 2008, no meu Poemário

"Passou por nós este tempo todo, a coisa
ridícula do estão-a-tocar-a-nossa-canção
desaba sobre nós como um trovão.
Passa-nos uma coisa pela cabeça e
lá vamos nós de cabeça meter-nos
na boca do lobo, atirar ao próprio pé,
meter um golo na própria baliza.

Mesmo ao ler duas linhas muito belas,
com a sombra do candeeiro a dar-lhe em cheio,
a breve palavra dos seus lábios era outra.
A simples música dos seus lábios era outra.
Essas linhas já não tinham, por assim dizer,
lógica nenhuma. E eu, tonto, lá ia.

A coisa é de tal forma que ainda hoje
lá vou, a esse rodeio de mistérios repetidos,
força magnética e fatal, onde foste buscar
tanto sangue para meter nas veias?
Que, grossas, despontam sobre a ira
das mãos assanhadas e assim te atraem.

Uma dança parada de costas duras, fasquia
dobrável com truque de mão, alguma coisa
que me prende aqui, quem sabe se nesta casa
não descobri, sem querer, o eixo da terra,
o equador de uma alma relativamente pobre."

Helder Moura Pereira, Segredos do Reino Animal (1949)

O meu Poemário (um dos meus presentes preferidos deste Natal, daquelas surpresas não pedidas) é igual a todos os outros Poemários (implico com a palavra poemário e algo me diz que tal implicância terá a ver com as suas três últimas sílabas) da Assírio & Alvim, de 2008. Quando, por vezes, encontrar, por coincidência (ou não: já espreitei e o poema do dia 18 de Novembro - 24 anos - é um dos meus poemas preferidos de todos os tempos), poemas que goste muito, para aqui os trarei. Dia 2 já teve Cesariny e 3 o O'Neill, mas eu também não posso pôr aqui tudo. Escusado será dizer que, por nove euros e sessenta cêntimos (e com este poema como single de avanço) estes Segredos são um must-have absoluto.

Helder Moura Pereira nasceu em Setúbal, a 7 de Janeiro de 1949. Foi professor no Ensino Secundário e Assistente da Faculdade de Letras de Lisboa (Departamento de Estudos Anglo-Americanos). No King’s College da Universidade de Londres, como leitor, ensinou Literatura Portuguesa. Leccionou também Português e Técnicas de Expressão do Português nos cursos de Formação Profissional da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa. Ingressou no Ministério da Educação em 1986, tendo exercido funções técnicas na área da educação de adultos, nomeadamente em animação de leitura e nos grupos de planeamento e redacção da revista Forma e do jornal Viva Voz. Foi técnico superior do Ministério da Justiça, em funções no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Em 1990 reuniu os seus livros de poesia publicados até à data em De Novo as Sombras e as Calmas, poesia de 1976 a 1990. Publicou depois outros livros de poesia (Em Cima do Acontecimento, Nem Por Sombras, O Horizonte Basta, Amor Carnalis e Um Raio de Sol) e um de contos para crianças (A Pensar Morreu um Burro e Outras Histórias). O seu livro de poesia, Lágrima, foi publicado em 2002, seguindo-se A Tua Cara Não Me É Estranha, editado em 2004. Tem traduzido regularmente autores como Ernest Hemingway, Jorge Luis Borges, Sylvia Plath, Charles e Mary Lamb, Sade, Guy Debord; e escrito sobre música no Jornal de Notícias.
Biografia retirada do site da Assírio & Alvim.