17.12.05

Há Sempre Alguém

A chuva varre as janelas do teu apartamento.
A minha bagagem repousa ao abrigo do vento
E eu nem preciso de olhar para ti
Para saber o que esperas de mim.
Tu queres-me fazer cumprir
Coisas que eu não prometi.

Tu também sentes na pele o sopro da mudança,
Mas ficas sentada na sala à espera da esperança.
Aprendemos juntos a enfrentar o frio,
Embarcámos juntos no mesmo avião
E agora tu queres parar...Dormir na margem do rio.

Mas, basta-me saber que há sempre alguém a lutar contra a corrente
Para me apetecer saltar,
Ir nadar ao lado dele,
Derretendo com o olhar
Todos os muros de gelo
E não consigo descansar
Enquanto não alcanço uma nova nascente.

Dizes que não suportas ver-te sózinha ao relento
Mas tudo o que fazes é soltar o teu longo lamento

E eu vou para o meio da multidão,
Não levo a virtude nem a salvação,
Mas levo o meu calor
E uma guitarra na mão

E basta-me saber que há sempre alguém a lutar contra a corrente
Para me apetecer saltar,
Ir nadar ao lado dele,
Derretendo com o olhar
Todos os muros de gelo
E não consigo descansar
Enquanto não alcanço uma nova nascente.

E quando te voltar a apetecer seguir em frente,
Se me quiseres acompanhar,
Canta uma canção de amor,
Pinta os olhos cor de mar...
Põe no teu peito uma flor,
Traz um amigo qualquer
E vamos juntos abraçar o sol nascente.

Jorge Palma

8.12.05

Tempo vs Fado vs Fatalismo vs Livre Arbítrio

Tal como um vício do qual não se dissocia há muito tempo, também as imagens do que o que poderia ser não a abandonam, conduzindo-a entre as suas actividades diárias.

Às vezes vislumbra traços de felicidade.

Outras questiona-se.

A maior parte das vezes reconhece que, enquanto a vida não lhe estiver a escorrer entre os dedos, enquanto tiver a certeza que está a fazer tudo para viver, sem exigências, sem compromissos, sem mais, como disse Diderot, se o nosso destino está escrito lá em cima, então cá em baixo podemos decidir o que fazemos dele, somos juízes do curso das estrelas. Está saturada de discursos pessimistas fatalistas, de mãos a abanar "não havia mais nada que pudesse fazer" e um sorriso conformado, acompanhante obrigatório dos que desistem.

Aquela frase "O tempo é o nosso maior amigo", uma merda. Uma completa ilusão com a única finalidade de nos fazer perder cada vez mais tempo útil. O nosso maior inimigo, isso sim, e à medida que ele vai passando é que nos apercebemos disso. Não se deixem enganar. Existam. Sejam.

(A propósito, alguém quer ir ver O Fatalista de João Botelho?)

2.12.05

SAMBA!

Para aquecer as nossas noites de Inverno, cada vez mais frias.
Quero acreditar que o vento hoje sopra com tanta força porque me quer levar com ele.