24.2.08

So many lessons you still have to learn.

Nunca dançar numa discoteca com um braço no ar (e às vezes o dedo indicador espetado a fazer de extremidade) e o outro braço com o cotovelo espetado, como se meio corpo a dançar o doidas doidas doidas andam as galinhas e o restante numa imitação barata de Estátua da Liberdade robotizada, sem ritmo. Esta é uma das lições valiosas que se aprende na pista de dança. Outras há, tantas outras.

18.2.08

Diálogo

Ele não lhe tinha pedido nada, nem o afecto de outrora nem o silêncio de agora. Tão pouco precisava daqueles olhares crispados, dos lábios franzidos, dos braços cruzados e daquele corpo restrito, fugindo ao toque,voltando as costas às sua voz.

Por isso, hoje, mais uma vez como em todo aquele mês (se calhar, há mais tempo, mas também ele gelara e o tempo não corre sobre a pele fria), saltou da cama, sem fazer barulho, fez café que pousou, numa caneca, sobre a mesa de cabeceira dela, tomou banho, arranjou-se e saíu, sem bons dias e sem festas no cabelo. E no caminho para o trabalho

primeiro a pé e a chuva gélida como granizo, as gotas por dentro da gola do sobretudo, descendo costas abaixo, encharcando-lhe a cintura apertada

Estás tão gordo, nem te cabem as calças
Mais para amar
E a gargalhada pronta, como é que alguém tão estupidamente feliz se pode tornar tão ridiculamente amargo?


depois no autocarro, comprimido entre odores, pode apostar que o pescoço desta miúda excessivamente arranjada cheira a um perfume adocicado, como fruta demasiado madura, quase podre, e estes dois atrás dele, de mão na barra de segurança e axilas ao ar, ou estavam sem gás em casa - e com aquele frio, quem é que toma banho de água sem ser a escaldar?- ou são porcos, mesmo. Porcos imundos com as axilas sob o seu nariz, que óptima ideia para uma manhã feliz.

(É a segunda vez que rima hoje e pergunta-se se aquele provérbio "quem rima sem querer é amado sem saber" também se aplica quando o único diálogo que vai tendo ainda é consigo próprio. Pergunta-se, logo depois, se quando deixar de falar consigo próprio é porque perdeu o juízo de vez ou porque recuperou a sanidade.)

Afunda-se nos auscultadores do leitor de mp3, presente de Natal dela quando celebraram o primeiro Natal juntos, ela grávida. Ainda celebravam o Natal então. Ainda falta meia hora para chegar.

17.2.08

Onde nasce o medo?

15.2.08

Honestamente, estou-me nas tintas para o dia dos namorados.

Uma vez, em conversa, coiso disse que namorar não era ir ao cinema ou ter companhia ao final do dia. A frase não me era dirigida, mas afinei o ouvido. Ele continuou: "namorar não é um telefonema de duas horas, nem oferecer presentes caros."

Reconhece-se-lhe o dogma característico de coiso - as suas típicas verdades absolutas e incontestáveis, sobre os pilares frágeis da sua credulidade -mas não consigo não concordar, se olhar para além dos detalhes, se ler nas entrelinhas: o que é afinal namorar?

Namorar é desfrutar, é providenciar felicidade, para depois recebê-la. É claro que tudo aquilo pode estar incluído (e tantas vezes está e é bem bom, não o nego) mas viver um namoro, estar-se apaixonado tem de ser mais. Quantas vezes a relação cai na monotonia do telefonema de duas horas antes de se encontrar depois do trabalho para ir ao cinema? (Nada contra desde que o programa não seja por comodismo barato.)

Tudo isto para acrescentar que não sei o que é namorar - vai-se definindo a cada dia, a dois, e se renovando a cada segundo mas permito-me acrescentar, hoje, dia 15 de Fevereiro de 2008, que:

Namorar também é não celebrar o dia de S.Valentim.

13.2.08

No lanche a meio da cirurgia, na sala de convívio do Bloco

A Fátima Lopes pareceu-me muito parecida com alguém.

Mais tarde, na mesma sala, reparo que o José Castelo Branco está com o mesmo corte de cabelo que ela.

Não fica bem a nenhum, diga-se.

12.2.08

É MESMO ISTO, CARAÇAS.

É ainda melhor do que pensava.

6.2.08

O meu email está agora disponível neste post.

E é joanabats(arroba)gmail(ponto)com. *

Não vale a pena adicionar no msn (uso outra conta) nem mandar parvoíces. Um abraço.

*Isto é por ter medo de aranhas. Quando enviarem coisas, ponham os caracteres como deve ser!

*

Dura alguns segundos mas acontece sempre: temos aquela maneira específica de nos colocarmos um em frente ao outro e olharmo-nos nos olhos, a sorrir muito - não fôssemos nós sorridentes. Durante esses breves instantes, cresce a certeza de que vai acontecer não tarda nada, mas não movemos nenhuma parte do corpo na direcção de, limitamo-nos a manter o rosto contraído de antecipação. E então acontece - e eu não sei se é pelas estrelas cadentes se pela Terra começar a girar mais depressa, mas nunca sei como começa. Quando sinto o corpo de novo, que é no momento em que a alma volta depois de levantar vôo, abro os olhos e estás a sorrir, apesar de ainda não te teres afastado, e abraçamo-nos.

E é tão bom, caramba, só nós sabemos quão bom é.

Em relação ao post anterior, o epílogo em inglês para tentar ter piada

"I'll go all a causa foi modificada on it."

Que é como quem diz, talvez tenha validade limitada e desapareça em breve.

Bloqueio sentimental

Não podes entrar e sair, ficar e ir embora, voar e pousar consoante a tua vontade, raio de espécie de pássaro livre e desprendido que me encontrou.

Que encontraste em mim?

Pergunto-me que tipo de conforto terás dos nossos encontros e - espero sinceramente não soar a Amy Winehouse agora - mas lembro-me sempre de quando ela canta

I knew I hadn't met my match but every moment we could snatch
I don't know why I got so attached

porque em cada momento que estamos juntos aquilo que trago para casa é o teu perfume no meu antebraço (sempre, sempre) e uma vontade gigante de amar o mundo - e é de tal maneira gigante que o mundo me parece pequeno e abraçável, se é que a palavra existe - e a ti.

Depois passa, como uma droga, e do sorriso inquebrável restam sempre dúvidas se é desta que pousaste ou se amanhã, como se nada fosse, me avisas que já vais e que até podias ficar por mim, mas tens de ir. E entretanto ficas e vais ficando e vamo-nos incluindo nos planos um do outro outra vez - porque isto de gostarmos de alguém cujos pés estão um palmo acima do chão e a cabeça um palmo abaixo das nuvens é também ter sapatinhos de veludo, como a barata, e dar passinhos lentos, sem ruídos nem ranger de soalhos, primeiro um em direcção do outro e finalmente um ao lado do outro.

É muito raro conseguir escrever sobre ti tal como é raro conseguir descrever-te sem parecer deslumbrada quando, na verdade, isto até nem é bem deslumbre mas vontade de decifrar o código, o teu código. E nós já vimos de longe juntos ou em ajuntamento e quando me puxas contra ti e fazes aquelas promessas todas, eu tenho dois anos de novo e estou a roubar Serenatas de amor da gaveta dos chocolates na casa da minha avó. Por isso é que te sorrio daquela maneira, fica já a saber.

Há coisa de um ano disse-te que não podíamos andar a nos beijar assim e tu deste uma daquelas tuas gargalhadas luminosas, daquelas que enchem uma sala. E perguntaste "Porquê?" e eu não soube responder, eu não gostava de ti o suficiente para ser tua namorada nem queria ainda acabar com os nossos momentos gulosos - e a gula é um dos sete pecados mortais - sem saber onde é que aquilo nos levava. Um ano depois, olho para trás e estou certa que nos demos dos melhores momentos da nossa vida e que isto tem sido divertido e giro e excitante, mas é também há um ano que não sei responder à pergunta "tens namorado?" - e é uma pergunta simples, de sim ou não - porque quer dê uma das duas respostas possíveis, estarei a mentir com os dentes todos que tenho na boca (incluindo os sisos que tirei o ano passado).

Sempre me pareceu cobardia escrever no Desumanos sobre ti, porque tu não vens aqui ler-me e seria injusto falar de ti nas tuas costas, mas ontem tivemos a conversar sobre estas coisas e correu bem, acho eu. Não sei como o fazes, mas dizes o que tens a dizer de forma tão convincente que eu volto a ganhar confiança em ti. Eu disse-te a verdade quando disse "já não acredito em ti" porque acredito mais no meu sexto sentido do que naquilo que prometes, mas macacos me mordam se ontem não foste, pela primeira vez (ou talvez segunda, não tenho a certeza), sincero comigo e - só por isso - voltei a acreditar em ti.

Isto está bastante mais auto-biográfico do que a maior parte dos posts que por aqui deixo e acabei de transformar o meu blog num daqueles blogs pessoais muito irritantes. A minha imaginação não tem sido grande parceira nestes últimos tempos porque só te imagina, só te crê, porque só nela te tornas presente. És desaconselhado por toda a gente, salvo raras excepções, e mesmo assim não me quero afastar de ti. "Tarde demais", diria.

Pois aqui estou.

4.2.08

Rejubilai!

O Desumanos fez três anos há dias. Parabéns para nós! :)

(Isto já funciona como aquelas relações muito longas, que a certa altura já nem se conta há quantos anos se namora. Qualquer dia casamos, eu e o meu blog.)

"Without you the winter grows."

Já todos tínhamos saudades de um vídeo do youtube, eu sei, e como não quero que vos falte nada, cá está ele.

Se estiverem com um desgosto amoroso, NÃO oiçam isto pela vossa saúde, mesmo que esteja apenas no início, isto vai fazer-vos sentir ainda pior, a sério. É daquelas canções óptimas para nos mandarem ao chão, dar uns pontapés, fazer uns arranhões na cara e fazer cair grossas lágrimas de uma dor que está ainda mais para dentro do que as tripas e é maior que qualquer outra dor orgânica.

Por aqui, tudo bem, posso ouvir isto vezes sem conta sem verter uma gota - nem de choro nem de xixi, já agora, que ainda não estou incontinente. É tão linda, que canção tão filha de p*** de bonita, pá.

Noutra perspectiva, porque raio as músicas devem ser catalogadas como "txi vou chorar" ou "txi vou dançar"? Eu quando oiço "love me the way I love you" encho-me de uma alegria enorme, fico com o peito quase a rebentar de tanta alegria, mentalmente oiço uma cascata e água a correr - aqui sim, fico com vontade de um xixizinho que uma mulher não é de ferro - e o sol está a brilhar de uma maneira que tenho de franzir os olhos - como se eu tivesse miopia e me recusasse a usar óculos (olá, sim tu!) - e não há mais nada tão perfeito assim porque mentalmente oiço "I love you the way youuuu love me" e, honestamente, às vezes é só isso que precisamos de ouvir. E, se franzirmos tanto os olhos que as pálpebras chegam até a tocar-se, podemos adivinhar uma sombra que se aproxima da nossa cara e sentir, ao de leve, uns lábios molhados a tocar os nossos.



Bonnie 'Prince' Billy :: The Way

Winter comes and snow
I can't marry you, you know
Without you the winter grows
I can't marry you, you know

Love me the way i love you
Love me the way i love you

Take a year in your hands
You can find another man
Let your unloved parts get loved
I will be your man

Love me the way i love you
Love me the way i love you

Places you should be afraid
Into the river we will wade

Love me the way i love you
Love me the way i love you

Não vi o vídeo, mas ouvi a canção toda e é mesmo o original. Agora o vídeo não sei, só sei que começava com o sorriso de uma criança e que, a certa altura, tinha uma imagem de uma vaca, em que reparei quando ia fazer o copy-paste do embed.

SMOGgy weather

"It's just this justice aversion to the improper manner things are done today."

Justice aversion :: Smog :: Dongs of Sevotion

Posto isto: que cada um enfie a carapuça onde quiser.

3.2.08

O Google é fixe. O Google é bom. O Google é Deus.

A MELHOR INVENÇÃO DO SÉCULO É O iGOOGLE E O GOOGLE READER E NÃO SE FALA MAIS NISTO, ESTÁ BEM?

Boas notícias!

Aparentemente fazer exercício físico e beber álcool moderadamente fazem mais pela nossa saúde do que o exercício por si só.

The combined influence of leisure-time physical activity and weekly alcohol intake on fatal ischaemic heart disease and all-cause mortality

Jane Østergaard Pedersen1,2,*, Berit Lilienthal Heitmann2, Peter Schnohr3 and Morten Grønbæk

Aims: To determine the combined influence of leisure-time physical activity and weekly alcohol intake on the risk of subsequent fatal ischaemic heart disease (IHD) and all-cause mortality.

Methods and results: Prospective cohort study of 11 914 Danes aged 20 years or older and without pre-existing IHD. During ~20 years of follow-up, 1242 cases of fatal IHD occurred and 5901 died from all causes. Within both genders, being physically active was associated with lower hazard ratios (HR) of both fatal IHD and all-cause mortality than being physically inactive. Further, weekly alcohol intake was inversely associated with fatal IHD and had a U-shaped association with all-cause mortality. Within level of physical activity, non-drinkers had the highest HR of fatal IHD, whereas both non-drinkers and heavy drinkers had the highest HR of all-cause mortality. Further, the physically inactive had the highest HR of both fatal IHD and all-cause mortality within each category of weekly alcohol intake. Thus, the HR of both fatal IHD and all-cause mortality were low among the physically active who had a moderate alcohol intake.

Conclusion: Leisure-time physical activity and a moderate weekly alcohol intake are both important to lower the risk of fatal IHD and all-cause mortality.

Key Words: Physical activity • Alcohol intake • Ischaemic heart disease • All-cause mortality • Survival analysis

European Heart Journal 2008 29(2):204-212; doi:10.1093/eurheartj/ehm574

Devo estar com uma saúde de ferro!