28.8.08

Dois anos.

Já oiço esta canção há dois anos e sempre a cantei da mesma forma, o primeiro verso

I've looked everywhere, Mr. Forbes

algures lá para meio

I looked in my chest, where I thought it would be

e o fim, dramático, arrepiante

Oh why can't I think what I did with that old skill and die
You can't possibly go without that

You can't possibly go without love.

Isto não interessa nem a um macaquinho coxo, mas a malta do Songmeanings não acha que caiba lá este love (hoje fui lá por causa das letras novas). Pois para mim faz todo, todo o sentido. Todo no mundo.

(E para além do mais, apesar da voz se tornar quase surda no final do verso, ouve-se perfeitamente o soletrar de um L no início da palavra. Perfeitamente.)

Grizzly Bear :: Marla, Yellow House

26.8.08

It's OK.

Primeiro pensava que ele tinha gasto o seu tempo a escrever uma canção com a única e exclusiva finalidade de ser mentiroso. Não gosto de quando me mentem propositadamente, me encostam a testa no seu ombro e sussurram "está tudo bem" ou "tudo acabará bem", quando eu sei perfeitamente - sem precisar de grandes visões do futuro - que não há grandes hipóteses de as coisas ficarem bem tendo-se entrado neste caminho sujo e sujeito a atalhos pouco misericordiosos.

Mas a canção continua, e quando acaba, apetece-me ouvi-la outra vez, e a tensão que até continua baixa, apesar de praticamente estar a comer uma colher de sal por dia- por entre sopas, pregos, sandes de polvo e coisas que tais. A sensação de que ele está a mentir vai-se dissolvendo, vejo-me obrigada a pensar na quantidade enorme de coisas boas que já permiti a outras pessoas e que outros já me permitiram. Não posso ser má pessoa assim, não eu, que escolhi a minha profissão de acordo com o bem que iria fazer aos outros, não eu.

Talvez seja eu quem me mente, e não o Vic Chesnutt. Ou então eu estou certa quando penso que aquilo que penso de mim é mais correcto, mais próximo da verdade. Afinal, com quem mais falo eu na vida? Comigo, com os meus raros botões - no Inverno, nos casacos de malha, no Verão são como amigos imaginários, não estão ali, mas é como estivessem, que eu também nunca nunca esperei uma resposta deles.

Nunca espero respostas de ninguém, agora que penso nisso. E muitas vezes eu própria não respondo quando deveria. Queres ver, rapariga, que é esse o teu erro? Quase que consigo acreditar que o meu mal foi não querer magoar os outros e por isso guardei dentro de mim os mapas, os atalhos, as saídas secretas. Olha que estupidez, que absurdo, querer-se estar no seu canto e subitamente ter-se imiscuído no canto dos outros. Mas porque é que eu não estou quieta?

Agora ando aqui, sistólica de 8 nos piores dias, nos melhores nem sei, nem interessa, interessa-me estudar, inscrever-me na Ordem, despachar este exame, não tenho grande tempo para medir nada, para saber nada senão os cinco blocos do Harrisson.

"It's OK
in moderation
It's OK
cutting down
It's OK
you can quit tomorrow
but for now
keep on keeping on.

You are never alone."

É adiar a vida para Novembro, mas que me interessa, se disso depende o resto da vida?

"It's OK
you can be forgiven
but for now
keep on keeping on.

You are never alone."

Vic Chesnutt :: You are never alone (zshare incluído, com um click sobre o nome)

Um gajo não ia gastar tempo numa mentira desta maneira, faz-me bem acreditar nisto, sobe-me a tensão e tudo.

P.S. Ora telegramas, ora confissões arraçadas de egocentrismo, peço desculpa mas até Novembro o blog também está assim a puxar para o adiado, assim como quem adia pensar muito nos assuntos, sejam eles quais forem.

21.8.08

"For she held me

Not too tight for she would break me

Not too loose for I would slip away"

O disco deste ano dos Tindersticks é apneico de tão fabuloso*.

*Do inglês breathtaking. Que é o que o disco é.

16.8.08

A million waste.


A milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli quando e se algum dia morrer, quero
a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli que seja o WALL.E
a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a vasculhar o lixo que se acumula durante uma vida inteira
a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a compactar aquele que não serve para nada
a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli e que já é tanto, aos 23,
a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a guardar, naquela estante rotativa, o lixo que não é bem lixo
a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli a milli e a ouvir as minhas canções, daquela maneira, a ouvi-las e a dar a mão ao som delas.

Não me perguntem porque é que decidi juntar o WALL.E ao Lil'Wayne, há coisas que só Harrison explica.

14.8.08

"Pai, qual é a tua banda preferida?"

O meu pai responde sempre o mesmo. Hesita muito - os olhos quase se lhe marejaram de lágrimas quando soube da reunião esgotadíssima dos Led Zeppelin em Londres, foi de propósito a essa mesma cidade há mais de vinte anos ver os Pink Floyd e, com o mesmo propósito, a Lisboa quase dez anos depois, e sabe, das duas bandas, diversos discos de cor e salteado - mas acaba por responder sempre o mesmo.

"Beatles.", assim sem o The, como quem chama o canalizador pelo sobrenome sem lhe juntar o epíteto mestre.

Uma vez, perante o meu espanto (na primeira vez que lhe fiz esta pergunta, num dia em que comprei vários discos de Radiohead e queria acabar aquela conversa com um categórico - e gramaticalmente confuso - "A minha banda preferida são os Radiohead."), ele acrescentou:

"São a banda mais completa que alguma vez existiu, lembra-te que era a década de 60. Souberam fazer de tudo, chegar a imensa gente, inspirar-se em tudo o que conheceram. Uma vez que os queiras realmente conhecer - aos álbuns, não àquelas canções que toda a gente trauteia, ficas de tal maneira pendurada naquilo que não queres outra coisa. E mesmo aquelas canções, pop, acessíveis, são do melhor que já foi feito na História. Muito do que conheces não existia se não fosse por eles."

O discurso pode não ter sido ipsis verbis este, eu sou uma exagerada. Mas acho que chegou a hora de perceber porque é que o meu pai responde sempre o mesmo. Hoje estive a ouvir o Abbey Road, o primeiro que me calhou às mãos, quando fui ao B da tal estante. E depois peguei no Revolver.

Estou assombrada. A s s o m b r a d a. Não tenho grandes palavras senão expressar a minha gigantesca ignorância por nunca os ter ouvido como agora.



Love you to* :: The Beatles :: Revolver

Each day just goes so fast,
I turn around, it's past,
You don't get time to hang a sign on me.
Love me while you can,
Before I'm a dead old man.
A life-time is so short,
A new one can't be bought,
But what you've got means such a lot to me.
Make love all day long,
Make love singing songs.
Make love all day long,
Make love singing songs.
There's people standing round,
Who'll screw you in the ground,
They'll fill you in with their sins,
You'll see.
I'll make love to you,
If you want me to.

*Um exemplozito de genialidade. Que nunca ninguém, nem no 3º milénio nem nunca, os esqueça.

11.8.08

New Bjork



X diz:
agora no teu blog
X diz:
adicionas um capítulo
X diz:
à cena New Bjork
X diz:
http://www.vmagazine.com/cms/files/0807lollaYYY1.jpg
Joni. diz:
:D
Joni. diz:
lovefoxx + bjork + karen o = wacky

10.8.08

Product placement.

Se isto fosse um blog a sério, teria acabado o último post com "passe a publicidade". "Fenistil, passe a publicidade".

Donde se depreende: isto não é um blog a sério. Mas se os senhores da Fenistil quiserem dar dinheiro pelo product placement, o mail para contactos está no canto superior direito (de quem olha para o monitor, esquerdo se estiverem atrás do monitor ou forem o monitor vocês mesmos).

Posso juntar-lhe a marca do repelente também, que o tempo é de crise.

Uma verdade inconveniente.

Aborda-se novamente o aquecimento global neste blog sem pretensões de falsos moralismos - desde que cada um faça o que lhe for possível, não estaremos mal de todo. O problema são os mosquitos.

Os mosquitos estão a subir de latitude. Encontraram na humidade da Madeira o conforto que a extremização de temperaturas nos trópicos não oferece. Temos por aqui a espécie de mosquitos que é vector de transmissão da dengue, para dar um exemplo (não infectam ninguém com dengue porque não há cá a doença, mas imagine-se que fulano vai ao Brasil e fica infectado, se na Madeira é picado pelo mosquito, esse mosquito passa a poder infectar outras pessoas através da sua picada). A situação não é de alarme, de todo.

A inconveniência é que os madeirenses que cá residem dessensibilizaram as picadas destes idiotas (já não fazem grandes reacções alérgicas). Eu não. Eu vivo em Lisboa. Eu sou picada e fico com grandes galos e com uma comichão tal que parece que tenho varicela.

Isto está de tal maneira que, quando fico em casa, para estudar, tomo banho de repelente de insectos. Na minha própria casa. Repelente. Comichão, se não o fizer.

Agora vão lá dizer ao Al Gore que ele é mentiroso e alarmista, vão. Mas levem Fenistil.

Pede-se educadamente ao subconsciente que vá ver se estou na esquina.

Ando a ter os sonhos mais esquisitos de sempre.

Só na última semana, já vi os Simpsons 2 (foi bestial, o filme, espero que na vida real também o seja), já fui visitar a minha sogra ao hospital - estava com uma pneumonia (a propósito, que sogra era aquela?, loura, de cabelo liso, pelos ombros), esta noite acampei com uma tribo africana (juro), há dias vi um concerto de Grizzly Bear numa sala parecida com a Aula Magna mas ao ar livre.

Não sei o que pensar disto; mas aposto que Freud teria uma boa explicação.

5.8.08

Eu não fico triste por ter de estudar, fico é invejosa por outros não terem de o fazer.

Não é que não me apeteça estudar, até que me apetece porque me apetece poder escolher Anestesi(ologi)a no sítio onde me der mais jeito, onde me apetecer, onde for melhor, etc.

Apetece-me estudar e todas as manhãs sento o rabo na mesa de jantar-secretária improvisada. Não alimento os vícios do gchat com a Tarte e o Rod e não leio quase nada dos meus feeds no greader, simplesmente porque só me autorizo a estar no computador cinco a dez minutos por intervalo que faça, mais coisa menos coisa.

Não é que não me apeteça estar no greader a ver ténis que nunca usarei (há, no entanto, uns Purcell a caminho da minha morada, finalmente). Só que eu penso "em vez disto, podia estar na praia" e não estou.

É então que transfiro o meu corpo alvo para a cadeirinha, volto a ligar o iPod, a concentrar-me nas folhas tamanho B4 (maior que A4, menor que A3) e nas canetas Stabilo e a fingir que a praia e o mar, como conceito de férias, são um conceito bastante aborrecido e que estar a estudar o Harrisson é a melhor coisa que podia acontecer ao meu mês de Agosto.

Não é que não me apeteça estudar, porque apetece; digamos só que em termos de programa uma coisa é fazer praia, outra é sublinhar parágrafos enquanto toda a gente chapinha no oceano Atlântico.

4.8.08

O Desumanos é umano e também herra.

Abaixo, diz-se que a Duffy vai interpretar o tema principal do próximo Bond. Nada de mais errado: falou-se nisso, na Amy antes. No Mark Ronson como produtor.

Aqui e acolá [inserir links para o The Guardian e outros se se tiver tempo, não tenho],já se noticiou que é a Alicia Keys a intérprete e que está a trabalhar no tema com o Jack White. Um caso de "seja o que Deus quiser", acho eu - pela mistura, não pelos talentos individuais de cada um. Isto é, eu gosto de morangos e de abóbora, mas sei lá eu como ficariam juntos.

É que às tantas herraremos de novo e vai ser a canção do ano, ou assim.

Lie to me.

Sempre que ele pede "mente-me se o desejares", toda eu páro. Já a mentira: nunca se saberá onde começa e onde acaba, se é que algum dia começou. Quanto de realidade existe numa mentira? Quanto de mentira existe numa verdade?

Mentem-nos demasiado ou acreditamos demasiado?

Lie to me if you will
At the top of Beringer Hill
Tell me anything you want, any old lie will do
Call me back to you

Back to you.




Fleet Foxes :: Ragged Wood


(Está mais ou menos descoberto o disco do ano.)

2.8.08

TRÊS MESES É UMA ETERNIDADE.



E Breeders é o meu 11º ano all over again, quando as conheci através do nick de irc do Hilário, cuja banda preferida eram, claro, os Pixies.

1.8.08

"Go ahead, you know you want it!"

Go ahead, you know you want it
You'll have no other way
you just want to take us down
go ahead,
I'll be the one hit
If I can take you, boy, it just might throw this town
Oh, you want to get it
You make us bleed, it'll prove there's life somewhere
And oh, no, I want to yell it
but do we speak or are we just nodding our heads




Santogold :: You'll find a way (Switch & Sinden rmx)


Detesto a L.E.S. Artistes, detesto mesmo (apesar de mne ficar na cabeça um dia inteiro), mas adoro a Santi de sotaque jamaicano a tresandar a dancehall. Agora que me passou o vício da Creator, é esta que ressaco.