Primeiro pensava que ele tinha gasto o seu tempo a escrever uma canção com a única e exclusiva finalidade de ser mentiroso. Não gosto de quando me mentem propositadamente, me encostam a testa no seu ombro e sussurram "está tudo bem" ou "tudo acabará bem", quando eu sei perfeitamente - sem precisar de grandes visões do futuro - que não há grandes hipóteses de as coisas ficarem bem tendo-se entrado neste caminho sujo e sujeito a atalhos pouco misericordiosos.
Mas a canção continua, e quando acaba, apetece-me ouvi-la outra vez, e a tensão que até continua baixa, apesar de praticamente estar a comer uma colher de sal por dia- por entre sopas, pregos, sandes de polvo e coisas que tais. A sensação de que ele está a mentir vai-se dissolvendo, vejo-me obrigada a pensar na quantidade enorme de coisas boas que já permiti a outras pessoas e que outros já me permitiram. Não posso ser má pessoa assim, não eu, que escolhi a minha profissão de acordo com o bem que iria fazer aos outros, não eu.
Talvez seja eu quem me mente, e não o Vic Chesnutt. Ou então eu estou certa quando penso que aquilo que penso de mim é mais correcto, mais próximo da verdade. Afinal, com quem mais falo eu na vida? Comigo, com os meus raros botões - no Inverno, nos casacos de malha, no Verão são como amigos imaginários, não estão ali, mas é como estivessem, que eu também nunca nunca esperei uma resposta deles.
Nunca espero respostas de ninguém, agora que penso nisso. E muitas vezes eu própria não respondo quando deveria. Queres ver, rapariga, que é esse o teu erro? Quase que consigo acreditar que o meu mal foi não querer magoar os outros e por isso guardei dentro de mim os mapas, os atalhos, as saídas secretas. Olha que estupidez, que absurdo, querer-se estar no seu canto e subitamente ter-se imiscuído no canto dos outros. Mas porque é que eu não estou quieta?
Agora ando aqui, sistólica de 8 nos piores dias, nos melhores nem sei, nem interessa, interessa-me estudar, inscrever-me na Ordem, despachar este exame, não tenho grande tempo para medir nada, para saber nada senão os cinco blocos do Harrisson.
"It's OK
in moderation
It's OK
cutting down
It's OK
you can quit tomorrow
but for now
keep on keeping on.
You are never alone."
É adiar a vida para Novembro, mas que me interessa, se disso depende o resto da vida?
"It's OK
you can be forgiven
but for now
keep on keeping on.
You are never alone."
Vic Chesnutt :: You are never alone (zshare incluído, com um click sobre o nome)
Um gajo não ia gastar tempo numa mentira desta maneira, faz-me bem acreditar nisto, sobe-me a tensão e tudo.
P.S. Ora telegramas, ora confissões arraçadas de egocentrismo, peço desculpa mas até Novembro o blog também está assim a puxar para o adiado, assim como quem adia pensar muito nos assuntos, sejam eles quais forem.
Mas a canção continua, e quando acaba, apetece-me ouvi-la outra vez, e a tensão que até continua baixa, apesar de praticamente estar a comer uma colher de sal por dia- por entre sopas, pregos, sandes de polvo e coisas que tais. A sensação de que ele está a mentir vai-se dissolvendo, vejo-me obrigada a pensar na quantidade enorme de coisas boas que já permiti a outras pessoas e que outros já me permitiram. Não posso ser má pessoa assim, não eu, que escolhi a minha profissão de acordo com o bem que iria fazer aos outros, não eu.
Talvez seja eu quem me mente, e não o Vic Chesnutt. Ou então eu estou certa quando penso que aquilo que penso de mim é mais correcto, mais próximo da verdade. Afinal, com quem mais falo eu na vida? Comigo, com os meus raros botões - no Inverno, nos casacos de malha, no Verão são como amigos imaginários, não estão ali, mas é como estivessem, que eu também nunca nunca esperei uma resposta deles.
Nunca espero respostas de ninguém, agora que penso nisso. E muitas vezes eu própria não respondo quando deveria. Queres ver, rapariga, que é esse o teu erro? Quase que consigo acreditar que o meu mal foi não querer magoar os outros e por isso guardei dentro de mim os mapas, os atalhos, as saídas secretas. Olha que estupidez, que absurdo, querer-se estar no seu canto e subitamente ter-se imiscuído no canto dos outros. Mas porque é que eu não estou quieta?
Agora ando aqui, sistólica de 8 nos piores dias, nos melhores nem sei, nem interessa, interessa-me estudar, inscrever-me na Ordem, despachar este exame, não tenho grande tempo para medir nada, para saber nada senão os cinco blocos do Harrisson.
"It's OK
in moderation
It's OK
cutting down
It's OK
you can quit tomorrow
but for now
keep on keeping on.
You are never alone."
É adiar a vida para Novembro, mas que me interessa, se disso depende o resto da vida?
"It's OK
you can be forgiven
but for now
keep on keeping on.
You are never alone."
Vic Chesnutt :: You are never alone (zshare incluído, com um click sobre o nome)
Um gajo não ia gastar tempo numa mentira desta maneira, faz-me bem acreditar nisto, sobe-me a tensão e tudo.
P.S. Ora telegramas, ora confissões arraçadas de egocentrismo, peço desculpa mas até Novembro o blog também está assim a puxar para o adiado, assim como quem adia pensar muito nos assuntos, sejam eles quais forem.
No comments:
Post a Comment