18.6.10

18.Junho.2010



Hoje choramos nós. Obrigada por cada palavra.

11.6.10

If you like it, then you should have put a ring on it oh-oh-oh

Este ano, casou-se a Ana e o Hilton, casam-se o João e a Joana, o Hélder e a Lili, a Maria e o Miguel, o Tomás e a Andreia. Para o ano, o Pedro e a Ana marcaram data para a Primavera - finalmente algo de Santo António em mim que corre bem, não costumava ser o caso. Eu própria vivo casada sem aliança, sem papéis e sobretudo SEM UMA ENORME FESTA COM TODA A GENTE A DANÇAR E A USAR FLORES NOS CABELOS, portanto o mais certo é a data estar a se aproximar de mim em pantufas, em pontinhas dos pés, sobre carpete de veludo, subtilmente e sem fazer barulho para não assustar a Carrie Bradshaw do Bairro Alto (ou lá o que é que eu era em 2008).

Ora bem, e o que mais importa para além da escolha vinho + flores a numa data tão importante? O VESTIDO.

A pensar em todas estas noivas e noivas-to-be, o Matthew Williamson criou vestidos de deusas, etéreos, angelicais, ligeiramente étnicos, esvoaçantes.


Gosto muito destes dois. E era isto. Portanto, já sabem, caso ganhe a Lotaria ou assim, como me vou vestir no dia C.

21.5.10

O Saldanhete, tal como o conhecêramos, vai acabar.

Long live Saldanhete.

Rest in peace, Saldanhete.

Aqui jaz o Saldanhete, três vivas ao Saldanhete.

E assim se vão algumas das melhores memórias de Lisboa.

10.3.10

Diário de Bordo, 9 de Março de 2010

1. Mis aftas, n= 3. A maninha está a desenvolver uma película de um lado e a preparar-se para ficar boa, profundidade 6. A gigantesca continua feita estúpida gigante, profundidade 6. Dor sobretudo à mobilização, sempre, portanto, em moínha, mas com menor intensidade que ontem. A sub-lingual é que me anda a tirar do sério - e é a afta verdadeira, visto que as outras resultaram de três dentadas consecutivas enquanto comia qualquer coisa que devia estar deliciosa. O seu diâmetro está a aumentar, medindo agora 1 cm, profundidade grau 5. O Garrido recomendou um creme do qual sou capaz de me ter esquecido do nome, Dexaval? Bexident!! Nunca pensei escrever um parágrafo sobre estomatite aftosa no meu blog. Já escrevi três.

2. Estante, n= 1. Hoje vieram montar a nossa estante à medida do nicho que temos ao lado da janela. Fez um cagaçal no chão que nem vos conto, porque descobri que as inteligências que construíram isto não fazem ideia do que é um fio de prumo e foi preciso acertar as calhas com as paredes aos ésses. Está óptima, ficou tal qual como queria, i.e., uma Expedit à medida e, por isso, bem mais cara.

3. Tubos de aspirador, n= -1. Parece que parti o tubo do aspirador. Ups. Já colei com uma cola que era do Manel Caldas, o colega do Francisco que, quando foi embora para outra obra, nos deixou um legado de coisas que têm dado imenso jeito. Perdeu-se um colega de ténis, ganhou-se cola de montagem. 24 horas a secar, amanhã conto se resolveu o meu pequeno problema.

4. Esquentador, n= -1. Não directamente causado por mim, que nada fiz, e, como já andava a ameaçar há alguns dias, hoje o esquentador foi à vida, adeusinho águinha quente. Mestre virá ver se poderá fazer alguma coisa pelo moribundo, mas duvido. Mesmo mestre em Janeiro disse que arranjava mas bem a curto prazo (citando "pus esta pecinha e vai-se ver até quando aguenta"). Vamos comprar um esquentador novo, provavelmente. (Francisco, traz um de Andorra, deve ser mais barato. :D )

4. Dias sem o Francisco na primeira semana sem o dito cujo desde que moramos juntos: n = 4. Crises de ohmeudeusaquehoraséoavião-ahésódaquiaumasemana: n = 8, desde que foi embora.
Crises conjugais: n = 0. Escala Batista-Garnel (I-X): X. Já voltavas.

Até amanhã, com fotografias do cagaçal de aparas e da estante (hoje não tive paciência de passar para o mac)!

9.3.10

Diário de Bordo, 8 de Março de 2010

1. Serei breve. Muito sono.

2. Aftas, n= 3, escala de crateras 1-10: afta com 1 cm de diâmetro no canto da boca: 7, mas a cicatrizar e a repuxar tudo à sua volta, agravando o aspecto de AVC na mobilidade facial (ou, ainda melhor, na ausência de mobilidade facial), ou assemelhando-se mais a uma paralisia de Bell. Fixe. Afta maninha, profundidade 8 (sim, piorou) com pequenos buracos e sei lá mais o quê, e é pequenina e maninha e parece amorosa: um autêntico inferno. Rifixe. Afta sublingual: profundidade 6-5, mas diâmetro a aumentar. Megarifixe.

3. Já ninguém faz piadas usando a Floribella. How unique am I?

4. André, horas passadas na brincadeira: n= 3, horas a rir: n = 3, é o melhor miúdo do mundo. Devia tomar notas das coisas que ele diz, mas não ia ter metade da piada.

5. É verdade, filhos dos meus pais, n= 3, filhos com amigdalite pultácea, n=2, isto é, filhos com coisas na boca, n=3. O empadão da mamã do jantar, macio e bem temperado, soube a luxo (e não magoou nem descaiu canto da boca abaixo).

6. Dias sem o Francisco na primeira semana sem o dito cujo desde que moramos juntos: n = 3.
Escala de Batista-Garnel para saudades, VII.

Até amanhã!

8.3.10

Diário de Bordo, 7 de Março de 2010

1. Óscares: acabo de descobrir que The Hurt Locker é exactamente o mesmo filme que "Estado de Guerra". Desinformada ou as traduções de títulos continuam terríveis neste país? Há pouco ganhou o meu amigo Christoph Waltz, o mais odioso nazi de sempre. Tive pesadelos com a cena inicial durante semanas, obrigada Francisco (nessa altura, o Francisco andava a ter pesadelos com a tese e acordávamos à mesma hora cheios de medo). Obrigada Rodrigo, porque se conheço alguns destes filmes de que agora passam cenas (está a dar a homenagem ao John Hughes), é muito graças a ti - ui está o tipo do Two and a half man a homenageá-lo, vais ter uma apoplexia?Vou dormir não tarda e abandonar o Kodak Theatre.

2. Aftas, n = 3 desde há 3 dias. Status, numa escala de cratera de 0-10, em que 10 é a profundidade máxima - coisa para se ver o músculo - claramente um 8 para a afta maior, um 7 para afta maninha desta, ambas na mucosa do canto esquerdo da boca, fazendo com que fale e ria e coma como se tivesse tido um AVC há três horas. Afta sub-lingual, profundidade 6, causa dor aquando da teimosa ingestão de sumo de laranja natural.

3. Por razões supra-citadas em 2, masoquismo do dia: beber sumo de laranja natural. Comer bolachas não conta, dado que ideia abandonada à primeira trincadela.

4. Idas ao Hospital acompanhar avô Batista (sem p, como eu) desde 1984: n = 1, e afinal estava tudo bem, como o próprio, aliás, afiançava.

5. Utilizações de shampô seco Klorane leite de aveia: n = 1, resultados favoráveis, cabelo mantém brushing de sábado sem oleosidade resultante de tique nervoso. Descoberta relacionada do dia: há em tamanho inferior a 100 mL para ir na bagagem de mão.

6. Dias sem o Francisco na primeira semana sem o dito cujo desde que moramos juntos: n = 2. Crises existenciais/ de ansiedade/ ohmeudeusaquehoraséoavião-ahésódaquiaumasemana: n = 6.
Crises conjugais: n = 1, resolvida esta manhã bem cedinho.

7. Evidência baseada na prática: n = 1, este blog é claramente parasita da minha solidão. Não admira que estivesse completamente zombie.

Até amanhã!

7.3.10

Epílogo

Gosto muito de vitamina D e de sumo de laranja (que não posso beber porque, quando toca nas aftas, parece cem navalhas a me atravessar a gengiva); não sei quem é Pedro Khyma, mas se canta e é esta a canção, é terrível, quase tão mau como qualquer canção que tenha ido ao Festival da Canção (eram tão melodiosas como serrotes serrando) e o Pedro Khyma curiosamente está a mostrar um lugar no Porto onde nunca fui. Uma vez convivi com a miúda que escreveu o texto, ou parte dele, do tipo que imita o CR e fez disso carreira e teve um espectáculo no São Luiz, onde provavelmente imitava muita gente num texto com zero graça e interesse. Ela disse que o blog dela era cómico e tinha muitas visitas. Fui ver e tinha lá piadas de cúmulos. Se isto não é coisa para criar um ódio de estimação, não sei o que possa ser.

Domingos #623

Daquilo que me lembro esta sempre foi uma das minhas alturas preferidas do ano, independentemente da cidade onde morava, embora só tenha morado em duas: Funchal e Lisboa, e esteja doida para acrescentar mais umas ao currículo. Porto não, que sempre me assustou, talvez por lá ter ido uma mão-cheia de vezes sem alguma vez ter conseguido compreender a sua geografia. Mas seja onde for, gostava. Destas tardes curtas de Primavera, com o vento frio a partir das 5 da tarde que se aguenta bem se se estiver ao sol, sempre gostei. No Funchal sempre quis dizer trazer a mesa para a rua e almoçar em família à sombra com o sol a rasar as mesas. Em Lisboa queria dizer sair de casa mesmo que houvesse um rol de coisas por fazer para preparar a semana. Em Lisboa há alguns bons lugares onde apanhar sol, uns miradouros a 20 minutos de caminhada de casa - recordo-vos, ao sol, logo aí a render desde início, e uma varanda acima dos jacarandás na fronteira entre Picoas-Estefânia-Saldanha e mais uns quantos sítios onde se paga bem a vista e a vitamina D. Com o carro ia até ao Parque Eduardo Sétimo, ou rumava ao rés-vés rio como qualquer lisboeta que eu não era - chegava a estar trânsito para ir até Belém, em romaria. Não sei onde queria chegar com isto, tenho 3 aftas na boca, não consigo falar e comer também está muito difícil. Há um minuto atrás estava o Tony Carreira no Telejornal da RTP, agora está a dar o programa das celebridades e todos aqueles identificados como "modelos" de profissão são feios como as portas, por outro lado os "humoristas" que aqui estão nunca me fizeram rir. Tenho ideia que já me ri mais com o Malato do que com o tipo que imita o Cristiano Ronaldo sem alguma vez ter tido qualquer outra boa ideia na vida e que fez disso uma carreira. Não sei se este facto é mais revelador sobre mim ("rir com o Malato") ou sobre o tipo "humorista". Não sei mesmo onde quero chegar com isto mas se fico aqui não tarda estou a discorrer sobre o sistema digestivo dos lepidópteros. Portanto isto assim acaba, não é um fim bom ou digno mas é o fim possível. Um beijinho e até breve.

7.2.10

I only wanna be your one life stand

Está tudo bem pelo Reino das Bananas (não me enganei, é mesmo Reino e não República, como sabem). Lá se aprovou a Lei das Finanças Regionais e o povinho voltou a distrair-se com questões quase secundárias, fait-divers # 2 em cento e tal dias de governo. O mesmo povinho que tenho aturado nas consultas do Centro, cada vez com menos paciência, não nasci para aquilo, está mais do que confirmado - embora, ou talvez por isso, admire quem goste e o faça com esmero e competência.

Mas, bom, isto é sobre Hot Chip. Há dois anos ouvia-se o Made in the Dark sem parar. Estudava-se para o mesmo exame para o qual se estuda agora. Já escrevi imensas vezes sobre eles, como podem confirmar neste link.

Há novo single e chama-se One Life Stand. Ouvi esta manhã e viciou.



Há dois anos, escrevi "é preciso avisar os senhores do chip quente que ninguém consegue fazer uma Colours duas vezes na vida". Afinal, consegue-se. Não há nada mais choninhas - e bonito - que querer perdurar pela vida toda o prazer da paixão-relâmpago-nunca-me-fartarei-porque-às-sete-vou-para-casa-e-amanhã-só-me-lembrarei-moderadamente-da-tua-cara. Com a diferença de que não queremos nunca esquecer a cara, nem poderíamos porque acordamos todas as manhãs encostados a ela. Acreditem em mim: está para nascer sensação melhor que essa.

Sobrevivemos a uma casa vazia e a 31 noites numa cama insuflável. Sobrevivemos às compras no IKEA e às embalagens planas resultantes. Sobrevivemos, mais importante ainda, aos dias em que ficámos a conhecer aquilo que nunca se conhece no one night stand: os defeitos, os podres, os bolores. E ainda perdura a mesmíssima sensação dos primeiros tempos, a expectativa de acabar os dias nos mesmos braços, ser recebida pelo mesmo sorriso, as mesmas dores de barriga nos encontros e nas saudades.

I only wanna be your one life stand
Tell me, do you stand by your man

Não sei o que é que vai acontecer amanhã, ou depois, ou depois depois. One life stand, por enquanto, não é pedir muito.

Ah, e como isto era sobre Hot Chip, há dois anos escrevi também "Vão-se tornar das minhas bandas favoritas de sempre, estou mesmo a ver." Parece que sim. Parece-me bem que sim.

15.12.09

Bateu, não bateu.

É chá de jasmim neste trópico despalmeirado, é este Inverno que não chega, nem se calcula que chegue, são peixes mortos flutuando em vapor de água, são paredes brancas vazias atravessadas de bolor e humidade, és tu que és suor sublimado e ponto final origem da semi-recta.

8.12.09

E tendo em conta que estou a 100 posts do meu mínimo anual

Estava aqui a ouvir, enquanto tentava formatar o outro texto, o álbum de Fool's Gold e é uma delícia daquelas mesmo mesmo deliciosas. Soa mesmo natural, no sentido de antónimo de "forçado". Um álbum que terá o seu lugar na minha estante. Que remédio. :>

Um dos grandes momentos do ano foi claramente ouvir isto #1

O Francisco diz que fazer listas de final do ano é mesmo coisa de geek das internetes sem vida social aprazível e com isto arrumou imediatamente setenta por cento dos meus amigos, pelo menos aqueles com quem partilhei horas-todas-somadas-dias de concertos, dj sets e imperiais repetidas à conversa a falar sobre a última grande descoberta, o mais recente disco do ano, a melhor malha de sempre, etc.
Devo dizer que o primeiro ano de ordenados não foi bem aquilo que estava à espera: talvez a forretice tivesse a ver, afinal, com forretice por si só e não mesada parca (e -bem - gasta em bilhetes para os ditos concertos). Contava comprar um disco por dia e despachar assim a minha colecção discográfica, tornando-a razoável ao final de um ano e gigante ao final de dois ou três. Descobri que não é assim que as coisas funcionam, o que, por outro lado, só me dá mais prazer ainda: não se compram discos pelo seu número, mas pelo seu valor. E sim, podia ter comprado LPs por 30 euros, podia, pois, mas não era a mesma coisa *juro por Deus que não houve aqui nenhum trocadilho idiota com aquelas publicidades da Zon*que comprar LPs por 8 e saber que tinha feito uma compra do carai. E sim, podia ter comprado montes de discos de que gostei maisoumenos e ter o inevitável gozo de os ter ali na estante, mas nunca mais os pôr a rodar. A verdade é que, mais ou menos euros na conta a prazo, oiço música da mesmíssima maneira. Pior, tornei-me mais exigente, mais e mais.
No meio do ecletismo, das pancadas com duração mínima de três semanas, e do ai, agora só oiço música da Etiópia ou de equivalentes países com fome e seca, ai agora voltei aos esquisitinhos de Brooklyn, ai eventualmente agora só quero ouvir música com mais de quarenta anos, algures a meio disso, vai-se lá saber como, tornei-me mais facilmente aborrecível. Há música hoje em dia que me dá sono, é altamente soporífera na ausência de temor, de risco, de novidade. Outra que é, única e exclusivamente, gente a fazer barulho por barulho. Barulho arrojado, mas ainda assim barulho. Bocejo nisso tudo. O bom nisso tudo é que já sou eu que me surpreendo a mim mesma "oh diabo, pensei que fosse mesmo gostar disto e afinal estou a apanhar seca" ou precisamente o inverso (substituindo "gostar" por "odiar" e "apanhar seca" por "achar brutal" ou expressão equitativa).

Isto vinha a propósito de alguma coisa que agora já não me lembro, mas, tendo em conta que comecei a escrever o texto a ouvir Fool's Gold, sou rapariga para acreditar que tenha tudo nascido nestes instantes dourados da Surprise Hotel. Talvez tenha vindo cá chamar-lhe uma das canções do ano, é provável, porque o é. Fool's Gold são o exemplo perfeito de que não basta ser engraçadinho para fundir, para criar, é preciso ser genuíno. E esta merda, personificada logo na primeira faixa do álbum, é a melhor canção africana não-africana do ano. Assim uma espécie de sashimi de espada preto com banana, mas que correu bem. Muitíssimo bem.

Não há muito para dizer. Friso de guitarrada repetitiva, daquela que se dança arrastando o corpo, xadrez de vozes de palavras pouco perceptíveis, e ritmo incansável. Uma coisa que dita assim parece assustadora, bem sei. Quando a malta se arma em africana, ui, fujo logo. Não é caso disso.

Surprise Hotel é brilhante. É difícil batê-la, mesmo eles próprios, e provavelmente não o conseguem. Mas todo o álbum é uma lente de filtros vários por onde passou muita (mas mesmo muita) da grande música que já ouvi na vida e o resultado final é tenebrosamente fresco e acolhedor. Sem vácuos.

Grandes Fool's Gold. Grandes, pá, enormes.