10.3.10

Diário de Bordo, 9 de Março de 2010

1. Mis aftas, n= 3. A maninha está a desenvolver uma película de um lado e a preparar-se para ficar boa, profundidade 6. A gigantesca continua feita estúpida gigante, profundidade 6. Dor sobretudo à mobilização, sempre, portanto, em moínha, mas com menor intensidade que ontem. A sub-lingual é que me anda a tirar do sério - e é a afta verdadeira, visto que as outras resultaram de três dentadas consecutivas enquanto comia qualquer coisa que devia estar deliciosa. O seu diâmetro está a aumentar, medindo agora 1 cm, profundidade grau 5. O Garrido recomendou um creme do qual sou capaz de me ter esquecido do nome, Dexaval? Bexident!! Nunca pensei escrever um parágrafo sobre estomatite aftosa no meu blog. Já escrevi três.

2. Estante, n= 1. Hoje vieram montar a nossa estante à medida do nicho que temos ao lado da janela. Fez um cagaçal no chão que nem vos conto, porque descobri que as inteligências que construíram isto não fazem ideia do que é um fio de prumo e foi preciso acertar as calhas com as paredes aos ésses. Está óptima, ficou tal qual como queria, i.e., uma Expedit à medida e, por isso, bem mais cara.

3. Tubos de aspirador, n= -1. Parece que parti o tubo do aspirador. Ups. Já colei com uma cola que era do Manel Caldas, o colega do Francisco que, quando foi embora para outra obra, nos deixou um legado de coisas que têm dado imenso jeito. Perdeu-se um colega de ténis, ganhou-se cola de montagem. 24 horas a secar, amanhã conto se resolveu o meu pequeno problema.

4. Esquentador, n= -1. Não directamente causado por mim, que nada fiz, e, como já andava a ameaçar há alguns dias, hoje o esquentador foi à vida, adeusinho águinha quente. Mestre virá ver se poderá fazer alguma coisa pelo moribundo, mas duvido. Mesmo mestre em Janeiro disse que arranjava mas bem a curto prazo (citando "pus esta pecinha e vai-se ver até quando aguenta"). Vamos comprar um esquentador novo, provavelmente. (Francisco, traz um de Andorra, deve ser mais barato. :D )

4. Dias sem o Francisco na primeira semana sem o dito cujo desde que moramos juntos: n = 4. Crises de ohmeudeusaquehoraséoavião-ahésódaquiaumasemana: n = 8, desde que foi embora.
Crises conjugais: n = 0. Escala Batista-Garnel (I-X): X. Já voltavas.

Até amanhã, com fotografias do cagaçal de aparas e da estante (hoje não tive paciência de passar para o mac)!

9.3.10

Diário de Bordo, 8 de Março de 2010

1. Serei breve. Muito sono.

2. Aftas, n= 3, escala de crateras 1-10: afta com 1 cm de diâmetro no canto da boca: 7, mas a cicatrizar e a repuxar tudo à sua volta, agravando o aspecto de AVC na mobilidade facial (ou, ainda melhor, na ausência de mobilidade facial), ou assemelhando-se mais a uma paralisia de Bell. Fixe. Afta maninha, profundidade 8 (sim, piorou) com pequenos buracos e sei lá mais o quê, e é pequenina e maninha e parece amorosa: um autêntico inferno. Rifixe. Afta sublingual: profundidade 6-5, mas diâmetro a aumentar. Megarifixe.

3. Já ninguém faz piadas usando a Floribella. How unique am I?

4. André, horas passadas na brincadeira: n= 3, horas a rir: n = 3, é o melhor miúdo do mundo. Devia tomar notas das coisas que ele diz, mas não ia ter metade da piada.

5. É verdade, filhos dos meus pais, n= 3, filhos com amigdalite pultácea, n=2, isto é, filhos com coisas na boca, n=3. O empadão da mamã do jantar, macio e bem temperado, soube a luxo (e não magoou nem descaiu canto da boca abaixo).

6. Dias sem o Francisco na primeira semana sem o dito cujo desde que moramos juntos: n = 3.
Escala de Batista-Garnel para saudades, VII.

Até amanhã!

8.3.10

Diário de Bordo, 7 de Março de 2010

1. Óscares: acabo de descobrir que The Hurt Locker é exactamente o mesmo filme que "Estado de Guerra". Desinformada ou as traduções de títulos continuam terríveis neste país? Há pouco ganhou o meu amigo Christoph Waltz, o mais odioso nazi de sempre. Tive pesadelos com a cena inicial durante semanas, obrigada Francisco (nessa altura, o Francisco andava a ter pesadelos com a tese e acordávamos à mesma hora cheios de medo). Obrigada Rodrigo, porque se conheço alguns destes filmes de que agora passam cenas (está a dar a homenagem ao John Hughes), é muito graças a ti - ui está o tipo do Two and a half man a homenageá-lo, vais ter uma apoplexia?Vou dormir não tarda e abandonar o Kodak Theatre.

2. Aftas, n = 3 desde há 3 dias. Status, numa escala de cratera de 0-10, em que 10 é a profundidade máxima - coisa para se ver o músculo - claramente um 8 para a afta maior, um 7 para afta maninha desta, ambas na mucosa do canto esquerdo da boca, fazendo com que fale e ria e coma como se tivesse tido um AVC há três horas. Afta sub-lingual, profundidade 6, causa dor aquando da teimosa ingestão de sumo de laranja natural.

3. Por razões supra-citadas em 2, masoquismo do dia: beber sumo de laranja natural. Comer bolachas não conta, dado que ideia abandonada à primeira trincadela.

4. Idas ao Hospital acompanhar avô Batista (sem p, como eu) desde 1984: n = 1, e afinal estava tudo bem, como o próprio, aliás, afiançava.

5. Utilizações de shampô seco Klorane leite de aveia: n = 1, resultados favoráveis, cabelo mantém brushing de sábado sem oleosidade resultante de tique nervoso. Descoberta relacionada do dia: há em tamanho inferior a 100 mL para ir na bagagem de mão.

6. Dias sem o Francisco na primeira semana sem o dito cujo desde que moramos juntos: n = 2. Crises existenciais/ de ansiedade/ ohmeudeusaquehoraséoavião-ahésódaquiaumasemana: n = 6.
Crises conjugais: n = 1, resolvida esta manhã bem cedinho.

7. Evidência baseada na prática: n = 1, este blog é claramente parasita da minha solidão. Não admira que estivesse completamente zombie.

Até amanhã!

7.3.10

Epílogo

Gosto muito de vitamina D e de sumo de laranja (que não posso beber porque, quando toca nas aftas, parece cem navalhas a me atravessar a gengiva); não sei quem é Pedro Khyma, mas se canta e é esta a canção, é terrível, quase tão mau como qualquer canção que tenha ido ao Festival da Canção (eram tão melodiosas como serrotes serrando) e o Pedro Khyma curiosamente está a mostrar um lugar no Porto onde nunca fui. Uma vez convivi com a miúda que escreveu o texto, ou parte dele, do tipo que imita o CR e fez disso carreira e teve um espectáculo no São Luiz, onde provavelmente imitava muita gente num texto com zero graça e interesse. Ela disse que o blog dela era cómico e tinha muitas visitas. Fui ver e tinha lá piadas de cúmulos. Se isto não é coisa para criar um ódio de estimação, não sei o que possa ser.

Domingos #623

Daquilo que me lembro esta sempre foi uma das minhas alturas preferidas do ano, independentemente da cidade onde morava, embora só tenha morado em duas: Funchal e Lisboa, e esteja doida para acrescentar mais umas ao currículo. Porto não, que sempre me assustou, talvez por lá ter ido uma mão-cheia de vezes sem alguma vez ter conseguido compreender a sua geografia. Mas seja onde for, gostava. Destas tardes curtas de Primavera, com o vento frio a partir das 5 da tarde que se aguenta bem se se estiver ao sol, sempre gostei. No Funchal sempre quis dizer trazer a mesa para a rua e almoçar em família à sombra com o sol a rasar as mesas. Em Lisboa queria dizer sair de casa mesmo que houvesse um rol de coisas por fazer para preparar a semana. Em Lisboa há alguns bons lugares onde apanhar sol, uns miradouros a 20 minutos de caminhada de casa - recordo-vos, ao sol, logo aí a render desde início, e uma varanda acima dos jacarandás na fronteira entre Picoas-Estefânia-Saldanha e mais uns quantos sítios onde se paga bem a vista e a vitamina D. Com o carro ia até ao Parque Eduardo Sétimo, ou rumava ao rés-vés rio como qualquer lisboeta que eu não era - chegava a estar trânsito para ir até Belém, em romaria. Não sei onde queria chegar com isto, tenho 3 aftas na boca, não consigo falar e comer também está muito difícil. Há um minuto atrás estava o Tony Carreira no Telejornal da RTP, agora está a dar o programa das celebridades e todos aqueles identificados como "modelos" de profissão são feios como as portas, por outro lado os "humoristas" que aqui estão nunca me fizeram rir. Tenho ideia que já me ri mais com o Malato do que com o tipo que imita o Cristiano Ronaldo sem alguma vez ter tido qualquer outra boa ideia na vida e que fez disso uma carreira. Não sei se este facto é mais revelador sobre mim ("rir com o Malato") ou sobre o tipo "humorista". Não sei mesmo onde quero chegar com isto mas se fico aqui não tarda estou a discorrer sobre o sistema digestivo dos lepidópteros. Portanto isto assim acaba, não é um fim bom ou digno mas é o fim possível. Um beijinho e até breve.