30.9.06

NASCEU (e eu renasci)

Chama-se André, nasceu às 17:15 do dia 28 de Setembro de 2006. Pesa 2.840 kg e mede 50 centímetros. É irrequieto, está sempre a se mexer, a esticar os braços e as pernas, a flecti-los, a abrir e a fechar as mãos, a mexer nas orelhas, no cabelo, no nariz, na boca, mas mal apanhe um colo onde se aninhe bem, toca de dormir. Apresento-vos o meu irmão mais novo:

29.9.06

Uma vez parva, sempre parva V

parvo

do Lat. parvu ou parvulu

adj.,
pequeno;
apoucado de juízo ou entendimento;
idiota;

s. m.,
indivíduo parvo ou atoleimado.


A palavra parva é gira se a decompusermos mentalmente, repetindo-a até que deixe de fazer qualquer sentido e o seu sentido se torne tão parvo quanto a palavra parva.

parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva parva

Bolas, isto da parvoíce está bem pior do que eu pensava.

Continuo parva IV

Não compactuo com pactos entre paquidermes e pacóvios.

Sou parva III

UM LIVRO PARVO PARA PESSOAS PARVAS- e que fará as menos parvas perceber o mundo das verdadeiramente parvas:



"Rabbits. We'll never quite know why, but sometimes they decide they've just had enough of this world - and that's when they start getting inventive."



Para além do livro, também aqui.

Sou parva II

Formigas não atrapalham, só fazem comichão. *coça-se*

Já ouviram alguém a dizer "sai-me da frente, ó formigo!!"? Não, pois não?

E "caramba tenho uma comichão nas costas, deve ser uma formiga, ora vê lá"? Claro que já.

*coça-se*

Depois não me venham dizer que aqui não se discutem verdades concretas. Ou venham, que eu ajo sobre os vossos corpos com o meu taser.

Sou parva I

Sou avessa a maiúsculas, a furúnculos e a questiúnculas desinteressantes.

28.9.06

A/C Navegação

Pessoal que comenta aqui no blogue: decidi responder pessoalmente a todos os vossos comentários, como tenho feito de forma mais ou menos esporádica a alguns até à data. A questão é: vocês vêm até aqui ler-me e eu gosto muito que comentem, que reajam, que sintam e que reflictam comigo, ou pelo menos, que se distraiam. É uma honra ser lida por vocês, malta.

Scroll back até aos posts anteriores onde encontrarão respostas aos comentários do último mês. A partir de hoje será assim.

Estimo que comentem,
Joanie Bats

27.9.06

Liars a frio

Antes de mais nada, o Angus baba-se. E visto que dança e se abana, há quase como uma celebração de champagne mas em versão baba para cima do público. Não me molhou, no entanto, pois fiquei longe do palco para não atrapalhar ninguém quando fosse buscar a imperial habitual do meio do concerto.

Depois, não vi Deerhunter, ou melhor, só ouvi a última música, por isso estava ainda pouco aquecida para o que vinha depois. Mas o que ouvi pareceu-me bem, tive pena do atraso, mas jogou o Benfica, houve greve de metro, enfim a cidade estava imposssível.

Assim sendo, é válido afirmar que para mim o início do concerto foi morninho, num quase "é só isto?". Mas os Liars valem pelo que são, ou pelo último disco digo eu, que não gosto tanto do segundo (não falo do primeiro porque não ouvi) e quando o coração, à segunda/terceira música, começa a bater ao ritmo dos

DRUMS

e o Angus - atente-se à precisão científica deste post: não ouvi o primeiro disco, não sei o sobrenome do moço, nem procurei porque não quero saber, fixe não é?- começa a dar o seu espectáculo, às vezes quase independente dos outros dois índios que maltratam as baterias até mais não poderem, outras vezes numa relação de simbiose do mais puro que existe, eis quando um concerto de Liars começa a valer a pena. E valeu, ó se valeu.

Claro que a minha opinião vale o que vale. Ignorem este post, até. Mas a noite tinha um momento marcado, a Visit from drums, que é qualquer coisa de sobrenatural. E esse momento não defraudou, aliás lançou a tónica para que o resto do concerto fosse cada vez melhor. Superaram-se a si próprios talvez. (estou croma disto, repare-se na expressão "lançou a tónica")

Ultimamente sempre que vou a um concerto penso "isto foi histórico", "é a música do futuro", blá blá blá. (É a isto a que chegou o meu nível de cromice.)Não posso dar certezas, mas apercebi-me que, baba à parte (e vestido vermelho aos folhos, pois claro), o futuro é risonho para a música. Ou baba incluída.

O efeito de um concerto



Porque se antes gostava da banda, depois passei a adorar.

Liars @ Clube Lua, Lisboa 26.09.06

25.9.06

QUERO UM CÃO.

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Esta é a Becas, que está na Madeira e é a coisa mai'linda. Tenho saudades dela. Quero um cão, a sério. Dêem-me um cão.

Um agradecimento por uma noite bem passada

E um beijinho cheio de coragem à Rita (com a promessa da visita a Boston logo que os astros se alinhem nesse sentido).



Tchakare Kanyembe + Rita Martins @ Andanças 2006

23.9.06

Autumn or Fall

Dias assim, em que o vento despe o bronzeado do Verão, deixando-o tombar sobre as folhas que repousam no chão.

Passados que estão os dias de cabeça vazia e tronco nu, há despedidas para fazer(porque o Outono é também tempo de refazer e de partir) e há abraços obrigatoriamente apertados e sentidos.

Someone staying and someone gone

A mente fixa numa só coisa, num só instante, como se não conseguisse avançar nem retroceder, como se antes disso nada tivesse acontecido, como se naquele momento se tivesse nascido. Nascer para morrer, como um fruto que não é colhido. Pensar que nada é desnecessário ou supérfluo: porque tal como um fruto que quando apodrece lança à terra sementes que gerarão novas vidas, também no amor nada se destrói e tudo é reaproveitado e regenerado. Mesmo quando tudo acaba, quando tudo parece morrer - ou quando nos matam, devagar - há sempre um novo nós que ressurge por entre a polpa ácida e perfumada de um fruto maduro. Nós próprios, talvez mais ácidos, mais perfumados, sem dúvida mais maduros.

Is it bad that you're good for me,
did I love you just randomly?


Vejo uma estação de comboios, uma gare de autocarros, um aeroporto. Pessoas que partem ou regressam, como o Outono, todos os anos.

*dEUS "Serpentine"

22.9.06

Sentir? (ou a minha relação com a arte contemporânea)

Mostram-nos bocados de arte e dizem-nos:

Sente.

Imagens retorcidas, traços que unem pontos e perspectivas, homens esculpidos de mármore, de filamentos metálicos, de cabos de electricidade, de barro, homens de cera iguais a ti mas opacos e maciços.

Mostram-nos essas coisas e dizem-nos:

Sente.

Como se sentir fosse uma ordem ou desculpa.

Olhar - ou ver- fragmentos de vidro espalhados num soalho de madeira. Sentir? Ver, no mínimo. Explicarem-nos qualquer coisa, estragarem sempre tudo com explicações baratas.

Não perceberem que quanto mais se justificam, quanto mais nos pedem desculpa, menos mérito lhes damos.

Sentir? Absolutamente. Se nos der gozo. Sempre que nos der gozo. Enquanto nos der gozo.

Porque existirem obras de arte que não nos dizem nada não é novidade nem é fruto da arte contemporânea - e entender porquê é que cada obra nos faz um arrepio vai para além de qualquer reflexão.

(Como a cor de um batôm ou a forma das nuvens, nem todas nos fazem desviar o olhar pela segunda vez.)

Olhar para a criatividade (para alguns só se chama criatividade porque eles se consideram criadores), ver intervenções e instalações e pensar que "um enxame de mosquitos fazia melhor trabalho numa noite em que dormisse destapada do que estes gajos numa sala de 300 metros quadrados".

Ou ver cada coisa no seu lugar

o quadro no chão, a escultura no tecto, a instalação em nossa casa

e achar que se pertence ali, que se está em cada objecto, porque sabemos que viver num mundo como este e em tempos como estes, é também, por si só, uma forma de arte.

21.9.06

I.

Há um lustre cheio de brilhos presunçosos suspenso ao centro da sala. Há sofás de veludo cor-de-sangue, a maior parte deles com marcas do tempo, outros clientes, outras seduções. Ao canto, um piano, empoeirado. Mas as colunas debitam canções e há funk e jazz e outras coisas que não percebe bem.

Ela dança e pensa

Dança comigo a primeira valsa da Primavera. Dança sem sonhos, esquece as promessas, ninguém nos espera

Notas soltas de piano que a abraçam, que sozinhas enchem a sala quente, despovoada como um cabaret abandonado. Não há janelas para a rua, ali ninguém os vê e ela dança. Desenha sonhos como bolhas de sabão que os envolvem,, alienando-os das conversas, dos degraus, dos espelhos. O único sítio onde se reflectem é nos olhos um do outro: olhares que se cruzam para logo se afastarem, cheios de timidez delicodoce.

Olhares que suspiram, embriagados

Com um pouco de sexo ou muita poesia ainda nos vamos casar.

*Quinteto Tati "Valsa Quase Antidepressiva"

16.9.06

Uma canção e um adeus ou até logo

E não é uma canção qualquer; é a única que hoje faz sentido.

Fiona Apple |I Know

So be it, I'm your crowbar
If that's what I am so far
Until you get out of this mess

And I will pretend
That I don't know of your sins
Until you are ready to confess
But all the time, all the time
I know, I know

And you can use my skin
To bury secrets in
And I will settle you down

And at my own suggestion
I will ask no questions
While I do my thing in the background
But all the time, all the time
I know, I know

Baby
I can't help you out
While she's still around

So for the time being
I'm being patient
And amidst the bitterness
If you'll just consider this
Even if it don't make sense
All the time, give it time

And when the crowd becomes your burden
And you've early closed your curtains
I'll wait by the backstage door

While you try to find
The lines to speak your mind
And pry it open, hoping for an encore
And if it gets too late
For me to wait
For you to find you love me, and tell me so
It's ok, don't need to say it.



E então adeus ou até logo.

"Desculpa, mas não sou capaz."

E eis que através do post anterior este blogue tornou-se profético. Posto isto, deixo aqui a frase "um dia estarei um bocadinho menos triste" a ver se também isto se torna realidade.

9.9.06

É o regresso ansiado das...
Frases que se ditas com frequência poderiam evitar muitos problemas IV

"Desculpa, mas não sou capaz."

6.9.06

Moleskine

Escrever com as palavras dos outros, juntar letras para usar expressões e frases dos outros.

Escrever com as tuas palavras. Escrever - sem saber bem o quê- contigo nos meus dedos, tu preenchendo cada espaço em branco.

Tu preenchendo cada espaço vazio em mim.

Desligar a televisão porque ela não me traz notícias tuas. Fechar os jornais - ou nem os abrir. Não chegar sequer a sintonizar o rádio.

Esperar. Esperar, sempre. Depois achar que isto não é estar à espera. Voltar a esperar na expectativa que não pode correr bem.

Atitudes pró-activas que moem mas não matam.

E o tempo que não passa. E os dias que finalmente se esgotam, um atrás do outro.

Luares que se repetem, sendo cada dia novos no seu esplendor marinho. Brilhos de prata que se acusam (e como os invejo!) por te verem, por saberem onde estás na tua frieza árctica, por te espiarem, por te embalarem ao entrarem pela tua janela quando dormes.

Silêncios prescrutadores (o mar sempre ao fundo, enquanto as ondas arrastam calhaus pela praia na maré baixa) em que surges sempre tão perto como se o teu sorriso viesse calar o vento ou os grilos, como se as tuas mãos fossem agarrar as minhas num abraço apertado (e a tonta da lua que tudo testemunha), como se cada conversa tivesse a sorte de ter-te como seu interveniente.

Não saber o que dizer de forma a acabar este post, sabendo, bom, tendo a certeza, que a melhor forma de acabar este Verão seria ter-te aqui.