Dias assim, em que o vento despe o bronzeado do Verão, deixando-o tombar sobre as folhas que repousam no chão.
Passados que estão os dias de cabeça vazia e tronco nu, há despedidas para fazer(porque o Outono é também tempo de refazer e de partir) e há abraços obrigatoriamente apertados e sentidos.
Someone staying and someone gone
A mente fixa numa só coisa, num só instante, como se não conseguisse avançar nem retroceder, como se antes disso nada tivesse acontecido, como se naquele momento se tivesse nascido. Nascer para morrer, como um fruto que não é colhido. Pensar que nada é desnecessário ou supérfluo: porque tal como um fruto que quando apodrece lança à terra sementes que gerarão novas vidas, também no amor nada se destrói e tudo é reaproveitado e regenerado. Mesmo quando tudo acaba, quando tudo parece morrer - ou quando nos matam, devagar - há sempre um novo nós que ressurge por entre a polpa ácida e perfumada de um fruto maduro. Nós próprios, talvez mais ácidos, mais perfumados, sem dúvida mais maduros.
Is it bad that you're good for me,
did I love you just randomly?
Vejo uma estação de comboios, uma gare de autocarros, um aeroporto. Pessoas que partem ou regressam, como o Outono, todos os anos.
*dEUS "Serpentine"
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