Tal como um vício do qual não se dissocia há muito tempo, também as imagens do que o que poderia ser não a abandonam, conduzindo-a entre as suas actividades diárias.
Às vezes vislumbra traços de felicidade.
Outras questiona-se.
A maior parte das vezes reconhece que, enquanto a vida não lhe estiver a escorrer entre os dedos, enquanto tiver a certeza que está a fazer tudo para viver, sem exigências, sem compromissos, sem mais, como disse Diderot, se o nosso destino está escrito lá em cima, então cá em baixo podemos decidir o que fazemos dele, somos juízes do curso das estrelas. Está saturada de discursos pessimistas fatalistas, de mãos a abanar "não havia mais nada que pudesse fazer" e um sorriso conformado, acompanhante obrigatório dos que desistem.
Aquela frase "O tempo é o nosso maior amigo", uma merda. Uma completa ilusão com a única finalidade de nos fazer perder cada vez mais tempo útil. O nosso maior inimigo, isso sim, e à medida que ele vai passando é que nos apercebemos disso. Não se deixem enganar. Existam. Sejam.
(A propósito, alguém quer ir ver O Fatalista de João Botelho?)
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