16.9.08

Bloco de Cardio.

Vejo-me mas não me vejo a mim. Não me reconheço nas características que me definem.

(Como uma pintura a óleo onde se acertasse o verde dos olhos mas se falhasse o tom pardacento correcto. Onde se omitissem os sulcos do sorriso embora o contorno dos lábios estivesse sido precisamente decalcado. Um rosto harmoniosamente composto onde faltasse serenidade. Uma obra incompleta.)

Não sou bem eu, acima do chão, tentando não pensar, tentando não ser demasiado. Não agora, não posso, não tenho tempo. Assumo que por vezes surpreendo-me a mim própria, a persistência teimosa, alguma coragem.

Sobrevida no primeiro ano de 83%, no terceiro de 76%. Fizeram-me um transplante cardíaco e ando a rejeitar o enxerto. Preciso de braços, de beijos, de mais surpresas, não desta bradicardia reinante. Que angústia!

Adio as taquiarritmias.

(Literalmente - o capítulo é assustador - e não só - este coração frio não é meu, pu-lo enquanto para me poder concentrar num objectivo maior. )

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