14.6.08

Dos vestidos e de outras promessas

Desconfio que estou a ficar mais mulher. Experimentei um vestido antigo e, em vez do habitual cair solto corpo abaixo até ao joelho, agora, após preencher a reentrância de uma cintura fina, marcada por muitos anos de exercício físico, molda-me umas ancas cuja existência era-me ainda profundamente desconhecida. Por outro lado, hoje a minha voz está extremamente mais aguda (hoje mais aguda, não aquilo que há tempos notaram do falar mais tranquilo e pausado), em vez da rouquidão pubescente, muito por culpa da sinusite, muito por culpa dos genes.

Ia estar caladinha em relação a isto, mas esbarrei com este vídeo e lembrei-me desta cena adorável do My Blueberry Nights (uma das melhores conseguidas de todo o filme, apesar de breve - ou talvez por isso, por se topar tão, mas tão bem como estes dois palermas vão se amar para todo o sempre, mesmo quando em relações com outras pessoas). Distam entre ambas as filmagens quase dez anos, várias depressões, outras quantas desintoxicações, muitas mais bebedeiras.

Preocupa-me que só alguns de nós cresçam enquanto vivem e outros vivam sem crescer, no marasmo peterpânico dos golpes aparados e das quedas amparadas.

P.S. A propósito de crescer, vejam as entrevistas à Cat Power acerca do Jukebox, quando ela diz "eu precisava de cantar qualquer coisa que não me trouxesse memórias" aqui, ou noutra, à MTV Canada, em que ela fala do processo de sober up. Um dia pararei com os cotejos entre ela e a minha pessoa. Mas há qualquer coisa muito escondida, muito para além de tudo o que está à vista, que me faz gostar dela como de se uma amiga se tratasse.

1 comment:

Anonymous said...
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