14.6.08

A música imita a vida, ou será o contrário, e como qualquer coisa que escreva começa e acaba em ti, inevitavelmente.

Gosto muito de uma coisa no meu iTunes: o facto de que, quando acaba o álbum de Osborne - "uma viagem pela house de Detroit dos anos 80, passando pelo techno" escreveu mais ou menos assim quem sabe notoriamente mais da poda que eu sobre aquele que já é um dos meus álbuns do ano, sem dúvida de qualquer espécie, e que lamentalvelmente ainda não fui comprar à Flur porque me tem faltado a paciência para ir a Santa Apolónia, daí que ainda o ouça através da playlist do meu iTunes - mas, dizia eu, quando acaba o álbum de Osborne - chamado Osborne, repleto de referências a tudo e mais alguma coisa que indivíduo que frequente prazeirosamente uma pista de dança à quinta/sexta/sábado à noite, pela madrugada fora, já tenha ouvido, dançado, abanado a peida ao som de, ou apenas movimentado a nuca para a frente e para trás, adoptando aquela postura roqueira de quem em casa é gajo para ouvir uns Comets on Fire ou até mesmo uns Can, se o ouvido estiver para isso e a namorada tiver ido jantar sushi com as amigas, mas no andar de baixo do Lux está disposto a perder a cabeça pelo último maxi de um qualquer DJ alemão; também observo com gosto que no disco de Osborne se pode apenas fruir e desfrutar mentalmente e aí vêm-me à cabeça melómanos melancólicos que olham atentamente para o DJ e - talvez, talvez! - mexam o pézinho ou agitem as mãozinhas, porque até gostam daquilo e estão atentos ao que saíu na Ghostly e na DFA, mas gostam mesmo mesmo é de coisas indíchóninhas - ora iniciei eu este post com aquilo que gosto na minha playlist do iTunes, é que, quando acaba o disco de Osborne, um dos discos do ano para qualquer pessoa que esteja viva e respire e, se possível, tenha ouvido o álbum e gostado (e se gostou quer dizer que o dançou), logo quando a dança acaba, parece que são 7 da manhã e os seguranças estão a expulsar-me do Lux com um sempre simpático "vamos fechar, dirija-se à saída" e o DJ resolve despedir-se de nós com uma faixa calma, porque sabe que dali vamos mas é - e depressa - para a cama, quer seja acompanhada - ou não.

É que quando acaba o disco do Todd Osborn no meu iTunes, começa a Keep on Rolling dos Quiet Village e isto soa mesmo a tranquilizante, a despedida, a nascer do sol, a última bebida, a beijo que se quis dar a noite toda mas só agora se teve coragem.

3 comments:

Anonymous said...

É que, vê bem, se estivesses desempregada eu até compreendia. Mas, foda-se, não estás.

Anonymous said...

O advérbio de modo "prazeirosamente" não existe, nem sequer o adjectivo "prazeiroso". O que existe é o adjectivo prazenteiro.

Anonymous said...

Deixa lá a menina com os seus neologismos.
Como diz o anonymous 1 :D, e agora para ti anonymous 2, "eu já te disse, caralho. vai trabalhar."