30.11.08

Silêncio.

Não gosto do silêncio; detesto, aliás, e nunca gostei.

Primeiro, foi o medo de não saber o que aquilo é: a sensação absurda de que estou sempre a ouvir um zumbido, um som surdo de origem incerta. Isso cresceu em mim, aos poucos, foi-se tornando uma aversão ao iminente risco de darem por desaparecidas as conversas, as canções e as notícias da telefonia e de se instalar o tom ameaçador das tonalidades que passam a fazer um barulho ensurdecedor quando substituem o ruído numa sala vazia.

(Sou indissociável da música por isso, porque fielmente cala o silêncio.)

Depois, foi e ainda é o medo de me ouvir demasiado alto. De acabar por falar só, entregue às horas solitárias e às recordações barulhentas, o timbre da minha voz inflectido nas esquinas da sala atingindo-me como setas.

Reconhecer a minha voz, verificar que ninguém me responde, confirmar que estou sozinha.

2 comments:

inominável said...

o silêncio é muito importante na música e muito mais na vida, principalmente quando se lembram de fazer obras às 9 da manhã...como aconteceu hoje, grrr.... e eu não durmo em casa!!!

Joana said...

Credo :x Imagino o Pedro a manter-se adormecido, imperturbável apesar das obras. :D

O silêncio como pausas sim, mas quando é demasiado grande fica demasiado barulhento. Chega a irritar.

Eu gosto de silêncio em diversas ocasiões, hei-de voltar ao tema. Ando a detestar o que escrevo, iupi!