Manchei as paredes caiadas com o sangue escorrendo pelo canto dos olhos, agulhas pela epiderme como bonecas voodoo, acupunctura de sentimentos à flor da pele, à raíz do pêlo, acupunctura reversa, que adoece ao invés de curar. Tinha medo que dentro de mim germinasse ódio, desprazer, e pensei
nunca mais vou poder olhar para a tua cara por tanto te odiar
nunca mais, ouviste?, nunca mais, mas tenho saudades tuas embora já não te chore. Já não sei o que és, portanto, se desilusão, se desgosto, se passado, se evolução natural. Nunca soube o que eras, nada mudou desde a nossa primeira noite, longe vai ela, desde a noite em que eu chorara numa casa de banho imunda, o meu corpo a querer tombar para o chão inundado em mijo e talvez vómito, eu a sair e a limpar as lágrimas e tu, sem nada saberes, em silêncio, a abraçar-me e eu julguei que sabia quem eras pela força dos teus braços enquanto me apertavas e aquelas paredes cheias de hormonas esconderam o nosso namoro, exibindo vaidosas o meu sorriso na despedida, as paredes, tontas das paredes que não me avisaram quando lhes confessei
estou tão apaixonada.
não me disseram
esquece-o.
porque sabiam que era irremediável, e o que não tem remédio remediado está, nunca te hei-de esquecer, tal como hoje em que tenho umas saudades tuas tremendas e quase não consigo respirar porque custa a expandir o tórax,
tudo isto um desperdício, tudo isto sem mais nada valer, porque já não sou tua, deixei-te aí e agora estou aqui, e já não choro nem peso o peso de mil ossos em chumbo carregados pelo lombo curvado de ceifeira de amores quase perfeitos.
Sempre te perdoei depois de chorar uma noite inteira.
Repito, deixei de chorar.
nunca mais vou poder olhar para a tua cara por tanto te odiar
nunca mais, ouviste?, nunca mais, mas tenho saudades tuas embora já não te chore. Já não sei o que és, portanto, se desilusão, se desgosto, se passado, se evolução natural. Nunca soube o que eras, nada mudou desde a nossa primeira noite, longe vai ela, desde a noite em que eu chorara numa casa de banho imunda, o meu corpo a querer tombar para o chão inundado em mijo e talvez vómito, eu a sair e a limpar as lágrimas e tu, sem nada saberes, em silêncio, a abraçar-me e eu julguei que sabia quem eras pela força dos teus braços enquanto me apertavas e aquelas paredes cheias de hormonas esconderam o nosso namoro, exibindo vaidosas o meu sorriso na despedida, as paredes, tontas das paredes que não me avisaram quando lhes confessei
estou tão apaixonada.
não me disseram
esquece-o.
porque sabiam que era irremediável, e o que não tem remédio remediado está, nunca te hei-de esquecer, tal como hoje em que tenho umas saudades tuas tremendas e quase não consigo respirar porque custa a expandir o tórax,
tudo isto um desperdício, tudo isto sem mais nada valer, porque já não sou tua, deixei-te aí e agora estou aqui, e já não choro nem peso o peso de mil ossos em chumbo carregados pelo lombo curvado de ceifeira de amores quase perfeitos.
Sempre te perdoei depois de chorar uma noite inteira.
Repito, deixei de chorar.
6 comments:
fodasse.
primeira asneira pós-natal. mas isto merecia-o.
i can relate to that
Fabuloso!
A derradeira verdade do momento que corro descrita de fiel forma.
Um beijo
um grande beijo, querida, a ver se combinamos uma sushizada de meninas e arrancamos a joana da ilha para termos quem nos explicar a origem e confecção de cada prato. :) (vou insistir com esta ideia no facebook, pintos e fredericas e coisos e tudo, era giro)
obrigada pelos elogios :) ainda bem que gostaram.
Era muito giro, um galinheiro à maneira! :) Arrancar a Martins do rochedo é que parece ter de ser a ferro e fogo!
Beijão
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