6.5.05

O Acidente

Hoje parei num sinal vermelho e bateram-me no carro atrás. Para além de mim, dentro do carro, estavam também duas amigas minhas (íamos para uma aula no Hospital Curry Cabral). O carro foi empurrado cerca de quinze metros para a frente e, como podem calcular, não ficou em bom estado, mesmo, porque o condutor do carro que nos bateu vinha a uma velocidade elevadíssima. O embate foi de tal maneira forte que os nossos corpos foram projectados para a frente e só mesmo os cintos de segurança preveniram que algo pior acontecesse (daí que mazelas físicas só mesmo torcicolos para as três). Nunca tinha tido nenhuma espécie de acidente como este e, para ser sincera, fiquei com mais medo da estrada, de conduzir, de ser peão, de ser passageira. Apetece-me voltar ao velho esquema de metro e mais nada.
Infelizmente foi preciso acontecer uma coisa horrível como esta para eu começar a dar valor à vida, uma vez que nos segundos que demorou o acidente (é incrível a velocidade a que as coisas acontecem), eu primeiro não me apercebi do que me estava a acontecer, pensei que fosse um sonho, o meu carro a deslizar sozinho sobre a estrada, depois, quando me apercebi que o estrondo tinha sido no meu carro, despedi-me mentalmente das pessoas de quem mais gosto, pensei no quanto me faltava viver e fiquei estática, mesmo à espera do pior. Quando o carro parou, eu olhei à volta com o coração nas mãos, porque pensei "Eu safei-me. Será que as minhas amigas também?", felizmente as duas apressaram-se a responder "Só o pescoço é que me dói! De resto está tudo bem!".

Eu hoje, com o acidente, percebi o quanto ando a ser melodramática com a minha vida. Ando cheia de pessimismos, de conformismos, de desinteresses, mas quem é a porra dessa Cristina? Essa Cristina não sou eu, de certeza, eu nunca fui assim. Deve ser outra qualquer que entrou no meu corpo e faz-me pensar e sentir coisas horríveis.
Pois eu hoje aprendi que a vida é o melhor que existe, mesmo quando as coisas parecem negras, não há negritude que se compare com o sentir a vida a desvanecer-se e eu sem tempo de a aproveitar, de dizer às pessoas o quanto gosto delas. Porque nós temos a vida por um fio e não nos apercebemos disso, eu pelo menos dava a vida como garantida até hoje.

Hoje decidi parar de gastar as minhas energias com coisas que não têm o valor que eu lhes costumo atribuir. Decidi que cada dia desta minha vida (ainda tão no início, espero) vai ser abraçado como se do último se tratasse.

Decidi dizer "EU GOSTO DE TI! OBRIGADA POR SERES MINHA(MEU) AMIGA(O)" a todas as pessoas a quem isto se adapte. E vou parar de arranjar defeitos nessas pessoas (é um péssimo e antigo hábito meu, este de encontrar defeitos em pessoas maravilhosas mas, como toda a gente, não perfeitas).
Desculpem qualquer coisinha.

P.S. Depois de uma dia difícil vêm os Leões, no último minuto, me dar uma alegria destas (nunca me tinha sentido agradecida ao Sporting, é a primeira vez). Eu, Benfiquista, me confesso: o Sporting deu-me um dos poucos pontos altos de hoje:)

No comments: