14.11.05

Footprints

Se julgas que podemos ser um só, deixo as minhas marcas nos solos por onde passo para que as sigas. Não posso esperar por ti. Deixei-me ficar tempo demais e agora? agora estou livre e caminho sem saber onde acaba este trilho, dou passos pequenos na certeza do fim, cravo as minhas pegadas na lama, podes vê-las sob a tua sombra, vem, despacha-te. Quero partilhar o próximo túnel contigo, proteger-me da tempestade envolta em ti, cheia de ti, quero que escrevas comigo as páginas em branco que aí vêm. Podes vir, vem, porque estamos os dois sós com vontade de partilhar. Pressinto o teu medo, o teu zelo em arriscar tanto, mas nós não vamos para longe, podes voltar quando quiseres, sem laços nem mágoas, vem, tens tanta vida por usar, por gastar, o teu corpo vibra dentro de uma máscara fria e eu ofereço-te todos os meus pensamentos, toma, sem segredos a partir de agora, vem. Se te for suficiente isto, então segue-me, prometo que quando chegar ao lago, sento-me na margem, sem chorar, abraço as pernas para aquecer o resto do corpo e espero por ti. Vem porque o frio e a chuva teimam em não ir embora, vem porque está escuro e os dias são curtos e por onde eu vou não há luz. Vem.

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