12.1.06

Pequenina

Se algum dia descobrirmos que nada disto foi mais que uma passagem do tempo e que isto que vivemos foi tão ou mais irreal do que o que sentimos, espero por ti na ponte sobre o rio para as despedidas. Sei que direi coisas sem sentido, que vou provavelmente chorar e achar que não.
Tudo isto vai ter valido a pena se nesse dia me deres um abraço apertado, daqueles que duram horas que são segundos, e me prometeres que nunca hás-de desaparecer da minha vida.

Daqui à água é um salto grande e a água está fria, gelada. E as trutas vão desovar à nascente mas talvez aqui já nem haja trutas porque o rio está imundo e imunda está também a minha alma enquanto te vê partir, estás de costas para mim e eu fico cada vez mais pequenina

mais pequenina

mais pequenina

mais pequenina

até me tornar um pequeno ponto mais pequeno que o grão de areia que me ofereceste quando fomos à praia ver o mar.

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