28.6.06

Curta-metragem

Saíu do autocarro duas paragens antes de sua casa, apetecia-lhe andar um bocado a pé, pensar na vida talvez (como se ultimamente conseguisse fazer outra coisa).

Decidida a apagar a imagem do estranho que conhecera uns dias antes, pensando "isto é uma grande estupidez", e de cada vez que o pensava os seus passos ganhavam mais velocidade como se de facto essa fosse a decisão mais acertada. Perante o trânsito e o seu andar ritmado, quase que acompanhava o autocarro no regresso a casa, e sorria por dentro e por fora, pensando, claro, que tinha controlo sobre si própria e sobre o que sentia.

Pensava na palavra paz dita de várias maneiras e em várias línguas, e noutras como viajar, sorrir, mar, vento, simples, todas elas soletradas pelas pedras da calçada para entretê-la durante a caminhada.

Quando chegou a casa, determinada em apagar aquele contacto do messenger, ligou o computador e leu "constroe tu stencillo!" - o seu braço paralisou. Lembrou-se de uma palavra dita pela pedra da calçada "sencillo" e também de como tinha vindo até casa a pensar que chegara a Primavera e com ela a hora de simplificar.

Por isso não apagou o contacto, antes pelo contrário, passou o serão a imaginar a melhor abordagem. E foi mesmo isso que lhe disse

Estava a pensar na melhor maneira de te dizer isto

apostada em causar uma boa segunda impressão.

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