Que eu gosto do Kanye West é uma fava contada, portanto é com alegria que recebo a notícia das vendas do Graduation terem sido maiores do que as do Curtis, álbum do gajo-que-foi-baleado-nove-vezes-e-sobreviveu. Polémicas (e necessidade de protagonismo) à parte, ambos têm mais em comum do que a cor da pele e a secção da loja de discos onde se encontram os seus álbuns.
Não consigo deixar de fazer-vos notar que "I'm tired of using technology, won't you come sit on top of me", versos de AYO Technology, um dos singles que 50 Cent lançou, e em que partilha o papel principal com o Justin Timberlake, e "I need you to hurry up now 'cause I can't wait much longer", do single Stronger, do Kanye, têm em comum a temática - autoritarismo e desejo sexual, mas partilham também oportunismo. 50 aproveitou-se do Justin Timberlake, cantor pop de quem tem sido permitido gostar e comprar disco (o que o deve, não só ao seu falsete, mas também a Timbaland - ó-ó, devo falar de oportunismo outra vez?). Kanye aproveitou a onda French Kiss, com os Justice a pôrem o nome Daft Punk na boca do mundo mesmo que estes nem tenham lançado nada de novo - ok, a ver se me faço compreender agora: os Daft Punk não precisam que ninguém fale neles, bastou-lhes fazerem discos memoráveis e terem um dos melhores vídeos de sempre (Around the World, do Gondry) para jamais serem olvidados, mas já os Justice precisam de ter um nome como os Daft Punk por trás para que alguém fale neles (hm, e um bom vídeo também). Stronger sampla a Harder, better, faster, stronger, num ano em que anda toda a gente com saudades dos Daft Punk, e segue, criteriosa e detalhadamente, a linha estética gaulesa da Ed Banger.
Nada de novo, portanto. O Graduation é um disco bom, apenas bom. O Curtis não ouvi, mas aposto que é pior.
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