Gostava de escrever-te uma carta. Manuscrita, na caligrafia mais bonita que conseguisse fazer, em papel pardo, para pintar com aguarela umas flores nos cantos ou fazer um friso no cabeçalho.
Penso nisso - em como começaria essa carta (o coloquial "Olá, como estás?", o afectuoso "Querido indivíduo" ou o directo "Indivíduo" seguido de uma vírgula e de uma mudança de parágrafo e, aqui, substituir indivíduo pelo teu nome, cada letra desenhada com a caneta a forçar a folha, sem rasgar). Penso nisso e penso em como começar isto (seja lá o que isto for).
Penso nisso - em como começaria essa carta (o coloquial "Olá, como estás?", o afectuoso "Querido indivíduo" ou o directo "Indivíduo" seguido de uma vírgula e de uma mudança de parágrafo e, aqui, substituir indivíduo pelo teu nome, cada letra desenhada com a caneta a forçar a folha, sem rasgar). Penso nisso e penso em como começar isto (seja lá o que isto for).
É bom conhecer-te - e é bom quando te dás a conhecer. Da mesma maneira, sabe bem ouvir as tuas confissões, os teus receios, as tuas dúvidas, as tuas crises de auto-estima, mesmo que não faças por mas contar: eu topo-as, eu leio em cada palavra tua a verdade por trás escondida. Conheço-te melhor do que toda a gente que julga conhecer-te. Sei que não tem sido fácil. Que a vida abandonou-te demasiadas vezes para que acredites nela - ou melhor, que a morte desatou demasiados laços e agora não te apetece encontrar novas fitas. Que, por vezes, olhas à volta e estás só tu, só, por tua culpa - e nesses dias, sentes-te a pior pessoa do mundo, tão nojento quanto uma barata (e, ainda assim, não sobreviverias a um ataque nuclear). Que tens medo de não estar à altura daquilo que te propões - e, provavelmente por isso, não te propões a nada.
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