26.6.07

Meio ano dentro de um disco e dentro de uma canção III

You say you don't know what love means anymore
Since I found you
I'm tearing down the walls without you
I'm getting lost in all the plans that I heard you make
About the older times
About the greater times
Oh I don't know, I don't know anyway
(...)
We're floating in the sky
And if you think that we are older now
It's just our heads are butterflies
Oh are you the one that I've been waiting for?

Electrelane :: Greater times :: No shouts no calls

20.6.07

Ó deus.


Eu namorei quatro anos com um sósia do Francisco Rebelo dos Cool Hipnoise e só hoje me fizeram perceber isso. É o da esquerda.
(É que até a fumar se se parecem, jesus!)

19.6.07

A arte do sample, parte II

O Kanye West ia servir de inspiração ao segundo post desta série "A arte do sample", custasse aquilo que custasse.
Mestre, como de resto todos os bons produtores de hip-hop (os nomes J. Dilla ou Madlib saltam-me à frente da vista), em ir buscar recortes da por-estes-lados-tão-amada soul antiga, fazendo renascer a canção norte-americana, o moço Kanye tem canções novas.
Se Ray Charles, Aretha Franklin, Shirley Bassey, Bette Middler ou Luther Vandross transportam-nos para o College Dropout e para o Late Registration, nas duas canções novas que ouvi as referências são completamente díspares.

Ora vejam (os nomes das canções do Kanye não estão numa cor diferente para ficar bonito, contêm links para serem ouvidas numa nova página):

Kanye West :: Young Folks



Peter, Bjorn and John :: Young Folks[Quem não assobiou isto o ano passado que atire a primeira pedra. Ou ponha o braço no ar, que sempre é menos doloroso.]

E ainda:

Kanye West :: Stronger



Daft Punk :: Harder, Better, Faster, Stronger [os Daft Punk do tempo da One more time]

Gosto destes posts, dão-me um ar deveras profissional.

Princesa Batsie

É regra de cortesia e boa educação não deixar princesas à espera.

O princípe não conhece regras de boa educação? É que, ao chamar-me princesa, está a conferir-me direitos, que, naturalmente, reclamarei quando não vir serem respeitados.

Uma princesa a sério, como eu, não pode esperar tanto tempo: tenho viagens de abóbora marcadas, sapatos por perder em grandes escadarias, maçãs venenosas para morder, fusos para picar o dedo.

Por agora perdoo-o, mas não me deixe à espera mais tempo, despache-se que eu tenho coisas para fazer e preciso de saber se é o princípe quem me vai dar irrepetidamente o beijo que me trará do sono da morte.

E no baile dançaremos a From Brighton Beach to Santa Monica dos Clientele e cantaremos no ouvido um do outro "Autumn's coming in the air, autumn's coming for you."

Da suavidade do cetim

Segurou entre os dedos a fita de cetim que usava à cintura, de um azul tranquilo. A outra mão, primeiro pousada na mesa, ergueu depois a tesoura que repousava ao seu lado. Aos poucos soltou o laço e puxou as pontas, e delas fez retalhos como pedaços de céu, que caíram no chão, elevando-se a cada corrente de ar.

11.6.07

A arte do sample, parte I



Billy Squier :: The big beat

Não há coincidências:



Dizzee Rascal :: Fix up, look sharp

É por isso que gosto de hip-hop, de Go!Team, de Avalanches, de cortes e colagens. Renovar, reciclar, recuperar. Adorar.

(Se houver vídeos no youtube para outras canções sampladas por gente d'agora, haverá parte II, III, X, XX, XIV, L, D, MMDIX and so on.)

5.6.07

Sete factos para um Atlas de Batalhas

Facto 1. Tenho o rádio-despertador sintonizado na Radar, por isso todas as manhãs acordo com a voz e as escolhas musicais da Inês Menezes.

Facto 1, alínea a. Note-se que eu preciso de uma fanfarra para despertar como deve ser.

Facto 2. Escusado será dizer que oiço também a Radar no carro - e a Oxigénio.

Facto 3. Escusado será ainda dizer que sei a programação das duas estações de cor e salteado e chamo os locutores e o pessoal dos noticiários pelos nomes, como se os conhecesse há muito.

Facto 4. Há um espaço na Radar chamado Grafonola, em que um artista (na maior parte das vezes relacionado com música), nacional ou internacional, escolhe a música que mais tem ouvido ou a preferida de todos os tempos ou a que lhe der na cabeça. Essa música passa depois de uma breve introdução feita pelo artista que a escolheu.

Facto 5. Hoje foi dia dos Low escolherem - e escolheram muito bem.

Facto 6. Hoje, pouco depois das 8 e 10, eu estava ainda de olhos fechados e ensonada, e tive o melhor despertar/ acordar de sempre - e não, não foi com passarinhos nem com beijinhos na cara nem com o pequeno almoço na cama. Foi com a escolha dos Low.

Facto 7. Já chega de factos, vamos ao bom gosto dos Low (e a uma canção do Mirrored, um disco de 2007 de que gosto cada vez mais):



Battles :: Atlas

(Atenção ao vídeo, que é cataclísmico de tão bom.)

Edit: o vídeo está incompleto, porque a canção tem 7 minutos e 7 segundos - 7, um dos números da perfeição, portanto fica a gravação do concerto no Primavera - diz quem lá esteve que foi um dos melhores concertos. Imagino.

2.6.07

A antítese mora aqui

Disse-me o Pedro que eu costumo reparar em homens que têm ar de quem está sempre pronto a viajar de mochila às costas. Achei-lhe graça e, em retrospectiva, é verdade, são esses que me chamam à atenção. Depois falámos em narizes compridos e rectilíneos, muito italianos. Em peles brancas, que escaldam - e bronzeiam pouco - ao sol. Em lábios finos, abertos num sorriso que ocupa todo o rosto. Em famílias grandes, com histórias complexas; em casas grandes, na terra dos avós, onde se mexe na terra e se dá milho a galinhas.

És provavelmente a antítese de tudo isto; perdoa-me por confessar que só reparei em ti porque me beijaste.

Até já gosto de techno. [banda sonora para a Jenny saltar à corda]

Ultimamente anda tudo a falar de techno. Não sei porquê - nem percebo o suficiente para apontar teorias - mas a verdade é que na mailing list da FLUR , entre os três discos mais vendidos, contavam-se dois de techno (Pantha du Prince e The Field) - sendo o outro de remisturas do Lindstrom.

(Não que uma mailing list seja reflexo de seja o que for, muito menos de uma nova moda - para não usar a palavra hype -, mas é uma boa forma de ver como, numa loja com uma oferta tão variada e com uma clientela eclética e de gosto sofisticado, anda tudo a comprar discos de techno. A própria Pitchfork já vai falando, aqui e ali, de techno - e é uma webzine indie.)

Eu própria torcia o nariz ao techno. Achava que era aquilo que o meu primo que mora comigo ouvia - e fazia a minha casa se tornar uma loja em franchise da Bershka, em que ninguém se entendia, se ouvia ou se fazia perceber. Ainda hoje não sei bem o aquilo que ele ouve é techno, porque continuo sem conseguir perceber qual é o gozo daquilo, que nem me lembra música.

A verdade é que, pelos vistos, eu gosto de techno. Não que ande aí doida à caça de novidades, mas a pessoa que é pessoa tem informadores e olheiros - e não é que detudo aquilo que me mostram, eu vou, mais ou menos dependendo do caso, gostando? Pior, viciei-me numa música do Pantha du Prince e todos os dias venho ao myspace dele ouvir a Saturn Strobe.

Mas há mais coisas boas, Gui Boratto, Matthew Dear/ Audion, The Field, Efdemin.

Eu gostei muito do disco do Matthew Dear e do que ouvi de The Field. Eu não percebo mesmo nada disto, mas devo dizer que foi uma surpresa haver canções - com estrutura para tal - na música techno. Sempre a aprender: no fundo, a palavra techno deixou de me assustar.