A menina usava vestidos magenta cor de rosas de Inverno, como aquela que perdia pétalas enquanto o Monstro esperava o amor. Sentada nas escadas da porta, segurando com as duas mãos as asas do saco que prendia com os joelhos, chupava rebuçados enquanto dissolvia a tarde em calda de açúcar e pôr do sol e era ali que o Amor era só uma personagem num filme bacoco, ali onde espreitava o algeroz que escoava a sujidade da cidade, ali onde ervas daninhas irrompiam nas dobras do cimento do passeio, ali onde o seu vestido não ganhava vincos no degrau frio. Nem olhou para o relógio, não tinha para onde ir, nem sentiu frio - e por isso não vestiu o casaco, como se cumprimentasse as pessoas que andavam na rua e fosse isso agasalho suficiente, uma gota de sangue vivo na página deste livro que se escreve todos os dias.
Depois cansou-se, ficou com sede. Agarrou num pauzinho e escreveu na parede de fungos junto à porta
I've got you under my skin.
e foi embora.
Até hoje não sabemos quem morava lá.
Depois cansou-se, ficou com sede. Agarrou num pauzinho e escreveu na parede de fungos junto à porta
I've got you under my skin.
e foi embora.
Até hoje não sabemos quem morava lá.
1 comment:
gosto.gosto.
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