27.5.07

Definir Indefinições

Já não sei, já não sei. Já não sei quem sou e o que faço aqui. Que nome é este que me identifica

Joana

J o a n a

J
O
A
N
A?

Eu ou letras que juntas fazem-me ser quem sou? Que importa?

Que importa ser se quando sou tudo se perde, tudo se desconjunta? De que me serve a autenticidade, a genuinidade? Qual é a diferença entre ser genuíno e ser autêntico? Existe? Ao escrever genuíno e autêntico, estou a ser redundante? E na vida, sou redundante?

Perco-me por querer demais ou por querer mais? Perco-me ou encontro-me? Sou mais eu ou mostro o rosto escondido?

Porque raio escrevo sobre isto quando sei que amanhã, depois de uma noite bem dormida, provavelmente estou mais tranquila e menos idiota?

Quem é esta aqui sentada ao teclado? Onde estou eu? Olho para mim antes: leio os textos que escrevi no Crime ou em folhas espalhadas pela minha casa, vejo os discos que comprei há três anos. E três anos mudaram-me tanto. É como se eu tivesse sido já tantas pessoas numa só vida: uma espécie de gato com múltiplas hipóteses para viver, seja isso bom ou mau. Quanto mais se vive, mais se erra. Quanto mais se vive, mais se têm momentos de ignorante felicidade.

Joana, chill. Mas eu estou calma. A vida é que parece um ângulo de 360º e eu não, que tantas vezes sou obtusa, aguda ou recta.

Onde estou eu? Que lugar é este aqui? Porque é que em três anos, sem mudar de casa ou de cidade, passei a habitar um espaço maior na Terra? E porque é que não consigo lidar com isso?

E as reticiências porque raio me irritam tanto? Tanto quanto as indefinições, os status post-mortem, as vidas pós-vidas, os raios que os partam.

Ocupo o meu espaço solenemente. Aguardo.

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