O processo, já se vê, é simples: um toca guitarra e o outro pega nos acordes da guitarra e, com o sintetizador, faz canções. (Há um par de amigos meus que faz o mesmo e também de lá saem belas canções.) O que é refrescante nos Ratatat é o resultado final, que sem se prender a nenhuma época específica (aqui e ali, os setentas, além, os sessentas, acolá os oitentas) consegue, mesmo assim, fazer parte destas décadas todas. Não se pense que esse era o objectivo; em lado algum se vislumbra a cópia descarada ou o plágio desavergonhado, não. Classics, o álbum de 2006, é um (muito bom) álbum de 2006 em 2006. Daqueles álbuns que absorveram as influências todas que quiseram absorver para deles sair algo que não tendo a ver com elas, reflecte-as. Canções que já são clássicos ainda antes de soarem datadas.
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O espírito é quase festivo, mas numa festa contida, rés-vés a melancolia e a introspecção. Sejam felizes, mas não ingénuos. Sabem quando, após uns copos a mais, nos encostamos à parede do bar e só nos apetece pensar na vida, apesar da música estar boa e de termos amigos ao nosso pé? (Mãe, se me estás a ler, isto só aconteceu umas vezes.) Tenho a certeza que, depois de ouvirem este disco, quando se encostarem à parede e fecharem os olhos, é uma canção dos Ratatat que vai ser a banda sonora das vossas reflexões. Não pensem demasiado, no entanto. Bebam mais uma cerveja, que deve estar bem fresca.
Ratatat :: Gettysburg (a faixa que mais gostei do álbum, ao vivo no Guggenheim de Nova Iorque - sim, leram bem, os Ratatat foram a primeira banda de sempre a actuar no Guggenheim. Impressive.)
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