11.3.05

“You are the only person who’s completely certain”*

Sabes, amigo: és a única pessoa que tem completa certeza das coisas que está a fazer. Acho que toda a gente olha para ti e fica com inveja da determinação com que encaras cada passo da tua vida. Logo eu que faço confusão com cada decisão minha: com as que já tomei, com as que vou tomar, com as que tomarei, olho para ti e orgulho-me de ser tua amiga.
Gostava de ser como tu e achar que é tudo óbvio; acho que o meu defeito é ver detalhes onde eles não existem, ver obstáculos onde eles não estão.
Cada escolha que faço é como fumar um cigarro: rouba-me anos de vida. Tu não, com os teus vinte e tal anos, andas pelo mundo sem fardos nem consciência; és a descontracção em pessoa.
Quando te digo que estou com um dilema nas mãos, ris alto e a bom som, sabes bem do que falo mas não porque lá tenhas andado. Quase quase às gargalhadas (só não as soltas da garganta por respeito), respondes “Em vez de ler escritores tão ou mais problemáticos que tu, devias era ler um livro que eu li sobre mudança “Quem mexeu no meu queijo?””. Eu fico a pensar se esse livro valerá mesmo a pena e, quando olho para ti, tranquilo e satisfeito, acho que esse livro é o tratado de psicologia mais avançado que existe. Acabo por nunca lê-lo e por voltar sempre à mesma história – também acho que isto de ser problemática, como tu dizes, já está entranhado na minha maneira de ver a vida.
Mas não penses que ando triste, não. Até tenho andado bastante feliz. E se te estou a dizer isto hoje é mesmo porque não estou com problema nenhum entre mãos.

De qualquer maneira, faz-me confusão ser assim confusa.

* (Interpol, “PDA”)

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