19.2.06

Domingo

Rio por dentro, por fora e finalmente lembro-me de mim e reconheço-me, sou aquela que descalça os sapatos e molha os pés nas poças de água, que enfrenta o sol franzindo a testa sem medo de rugas, que canta e desafina porque sim.

Existe algum momento em que mudamos definitivamente porque crescemos ou somos perenes e o nosso crescimento aponta para cima em busca do sol? Hoje dei comigo a fazer perguntas sem procurar respostas imediatas como era meu costume, se calhar o que amadureceu foi a minha capacidade para aguardar por uma resposta, um resultado, um sentimento, um projecto.

Se calhar quando se cresce dentro de nós há origem e não fim.

E de qualquer maneira quando é que se pára de crescer? Nunca? Amanhã? Dentro de três dias e afinal só daqui a um mês? E se alguma vez se parar, para quê crescer? Torna-nos pessoas melhores, ponderadas, verdadeiras, com noção do que é importante e do que é dispensável? Ou em casos particulares, piores, incluindo exacerbação de defeitos antes subtis?

Em todo o caso, melhor ou pior, os meus passos não tocam o chão porque levito sobre mim própria apesar de carregada com o passado. Talvez amadurecer seja isso mesmo: ter um presente indissociável do passado.

Apesar de tudo, continuo sem respostas.

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