Já é tarde nesta madrugada de sábado. A minha vida está mais próxima de mim do que nunca e chegou provavelmente a hora de agarrá-la com as duas mãos, com os dentes, talvez enlaçá-la com as pernas para ter a certeza que desta vez não a deixo escapar.
Tudo isto é um eterno lugar-comum, mas a única responsável sou eu. Afastei-me das emoções propositadamente, qual Brecht, deixei-me de me envolver, de sentir, de me afectar, no fundo: como se eu vivesse como mera espectadora da vida que estava a viver.
Aliás, assim o era: manter as devidas cordialidades, sem se revelar nem expôr - e demonstrar-se sentimentalmente indiferente a tudo aquilo que observava, eu própria fui guiada através do tabuleiro do jogo
a jogar snakes and ladders, imprevisivelmente subindo e descendo
de olhos fechados, desconfiando de cada face do dado que ditava o meu destino - uma escada? uma serpente?
A adinamia que me impedia de tomar as rédeas desapareceu e a bolha rebentou: estou eu aqui, desprotegida, finalmente.
Nada dá mais vontade de viver do que viver. Nada.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment