12.5.08

Ainda o domingo.



Está tudo ainda meio apardalado. Eu ainda estou. Sei que aconteceu isto que aqui se mostra ontem e que não tem paralelo com nada que eu alguma vez tenha visto naquela sala ou em tantas outras (e os Yo La Tengo já saíram da sala pela porta das doutorais a cantar a Nuclear War - if they push that button, ass gotta go - há coisa de ano e meio, portanto não estamos a falar de amendoins). O público estava ganho desde o início, até mesmo quando as luzes estavam apagadas e eles ainda não estavam em palco e estava a dar Bon Iver (isso, deu Bon Iver antes do concerto, porque um concerto de National não era suficientemente arrepiante para aquela gente). Pôr-se de pé logo na primeira canção significa, efectivamente, que a banda podia limitar-se a ser competente que a noite estava feita.

A verdade é que estávamos ali de braços abertos e que quem é bem recebido acaba por tentar oferecer tudo aquilo que pode e oferece mesmo aquilo que à partida não podia. Há fotografias do Senhor Manel no Fórum Sons que mostram a sensação que é olhar para a frente e ver uma plateia ao rubro, uma missa de domingo em absoluta redenção. Deve ser das coisas mais gratificantes de uma vida. (É nessas alturas que me apetece ser estrela de rock, adeus doentinhos, adeus corredores de hospital, tenho concertos para dar. Cada macaco no seu galho, adiante.) Ora perante aquilo: os National excederam-se, superaram-se, soaram melhor que em qualquer concerto ao vivo que eu tenha ouvido em mp3 (vários, montes deles)ou tenha assistido (um só). Cada canção passou a ser um hino, um cântico e, apesar de algumas palmas completamente inoportunas,

pá, malta, é assim tão difícil esperar que a canção acabe, caraças? estragaram-me o final da slow show - com o piano e vocês arruinaram-no - e mais uns quantos inícios e mais alguns finais. Não se faz, a sério.

muito do entusiasmo do público acabou por fazer do concerto a noite mais que memorável que foi. A Slow Show começou calminha, não houve Lit Up, não houve canções do The National nem do Sad Songs, e houve as dispensáveis Ada e Racing like a Pro, que se trocavam por duas cançõezinhas daqueles álbuns que mencionei. Mas é assim mesmo, creio: gosta-se tanto que se quer sempre mais.

Arrepiante, intenso, mágico, inolvidável, emocionante. Não me lembro de outra forma de terminar este post senão assim.

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