12.4.07

"I have weird memories of you."

Sonhei contigo. No sonho estavas inseguro - é-lo sempre, mas desta vez um pouco mais que o normal. Disseste-me que não estavas bem e ficaste a olhar-me intensamente, daquela maneira como só tu olhas, como sempre olhaste, os olhos doces de cão abandonado, o cinzento da íris perdido no nada e pousado no nunca. Não sorrias e eu estranhei.

Estavam mais pessoas, que conversavam comigo. Ignoravam-te ali no plâteau dos sonhos, mas não é suposto ninguém estranhar nada por ali. Aliás poderíamos ter voado juntos para um ponto distante e indeterminado que ninguém desconfiaria da veracidade do nosso vôo.

Perguntaste-me se podias ficar por ali comigo, eu respondi que sim, algo indiferente, e continuei a conversar com as outras pessoas que por lá estavam. Passaste grande parte do sonho a olhar-me furtivamente, como se não fosse tua intenção que eu reparasse. Falhaste, bom, pelo menos ali no sonho, e eu reparei.

Por isso não sei se quando me levantei da cadeira se estava só a provocar-te para que me seguisses, se tinha mesmo que ir embora para outro sonho qualquer. Sei que, já longe da vista das pessoas que estavam comigo antes de chegares, me beijaste as pálpebras superiores, a ponta do nariz, o queixo, me pediste desculpa e me beijaste a boca com mais vontade do que nunca.

Acordei depressa, com medo de voltar a magoar-me.

"I have weird memories of you" ou at least I have something to cling to.

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