28.3.08

London's plain love.

Londres está viva, respira, recomenda-se e beija-se com ardor e paixão. Apesar de ter alguns defeitos que nunca pensei encontrar lá - pensei encontrar outros defeitos que acabei por não encontrar e andar mais de quinze minutos numa zona extremamente concorrida (a rua paralela ao Tamisa entre a Abadia de Westminster e as Houses of Parliament) e não encontrar um caixotinho de lixo onde deitar a minha caneca descartável de coffee with milk please é uma vergonha para uma cidade dita civilizada - é uma cidade pensada até ao milímetro e é isso que é tão bom que é cansativo. Tudo vale a pena ver ali, menos Stockwell que é onde estão os 'tugas emigrantes e é feio como qualquer bairro social e dá aquela sensação de que se está a passear na Cova da Moura, o que é sempre chato.
De resto, it's all plain love. Consigo perceber o fascínio. O meu próprio pai, que é um viajante assumido - só não é é caixeiro-viajante, é um caixeiro-sedentário, talvez, mais depressa - diz que Londres de tanta coisa que visitou continua a ter um lugar guardadinho no seu coração. E ele já esteve em quase todos os pontos do globo. Eu assino por baixo.
Londres cidade pulsátil, vibrante, frenética, mas com a educação e a elegância de outrora.
E vi neve, que é sempre uma coisa muito boa de se ver e sentir na ponta do nariz e ver acumular-se sobre as luvas e o casaco e a malha do cachecol, e torna qualquer passeio mais romântico e mais húmido. (Joana a enganar-se em Marble Arch ao ver o mapa "descemos esta" quando devíamos ter descido a perpendicular "oops é melhor apanhar o autocarro para não ficarmos um pingo").

Os autocarros! Double-deckers, people. Sempre a cantarolar "and if a double decker bus crushes into us" e depois procurava bem dentro de mim a ver se encontrava alguém que merecesse o "to die by your side is such a heavenly way to die" e por vezes encontrei, outras não. A propósito, mesmo sem lá estar "na falta de melhor, sim" foi a frase da viagem e passou a ser resposta para muita pergunta. E sim, tenho de confessar, aqueles 35 segundos de "oi tudo bem" que me souberam como um hot chocolate.

E as Tates! O reconhecimento do Turner como um homem de luz. O Duchamp como o maior artista dos nossos tempos. O British Museum como um lugar onde os ingleses mostram o resultado do seu saque de séculos (uma experiência valiosa).

Londres é uma idiossincrasia de si própria. Uma cidade moldada pela História, moldável pelo incrível cruzamento de povos, de gostos, de hábitos. Notting Hill, Camden, Covent Garden, Picadilly Circus, Oxford Street, tudo aquilo é amor.

Tudo isto é love, love.

1 comment:

Anonymous said...

e n te podes esquecer dos italianos (erasmus?!) q reagiram c a esquisita frase "chiken baunn bauunn" à nossa nacionalidade portuguesa..
muitas histórias :)